Woody Allen planejava me pertubar com Vicky Cristina Barcelona. Quer dizer, elas voltam para suas casas, se acomodam a uma realidade insatisfeita, e quem fica para os créditos se sente na obrigação, na possibilidade de fazer diferente.
E aquela Maria Elena é tanto de mim. Tanto do que eu queria expressar. Sem as reações tão dramáticas e tentativas de suicídio, no entanto. Mas os demais ímpetos, o comportamento selvagem e livre, todo essa espaço que ela conquista com a sua honestidade de ser.
Talvez seja o clima de Barcelona, esse lado mais verde-e-madeira do que empoeirado da Europa.
As guitarras espanholas, meu deus, como elas tem mesmo o poder de transportar.
Por outro lado não me interessam os amores conturbados em um saldo negativo de angústia. A intensidade, a leveza com que se vive sem padrões, sem expectativas ou proibições, aí sim.
A beleza inigualável de Penélope Cruz parece ter sido feita sob medida para tirar do eixo as minhas excitações.
É bem verdade que comigo, no meu mundo, eu vivo quase assim. Falta a elegância do cigarro, que na prática representa um pulmão escuro. E falta a convivência com pessoas como aquelas, dos filmes de Woody Allen. Talvez esse seja o problema: não me falta coragem para viver da maneira como me é de natureza, falta-me é o espaço para ser, o ambiente propício para que eu me esparrame como Maria Elena.
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