O silêncio é quebrado pelo barulho de louça tremendo. O brilho dourado que encontrou espaço entre as rendas da cortina repousa nas xícaras de porcelana. Vultos disformes se aproximam, ao tilintar do que parecem moedas... O som de um pandeiro cigano, será?
Um feixe de luz ilumina a penumbra, revelando alguns contornos das figuras que avançam, envolvidas por uma espécie de poeira. Amarelo, vermelho; cores do circo as acompanham. Cores meio gastas, sapatos meio gastos, pessoas meio gastas. Figuras circenses com isso ou aquilo corroídos, passos arrastados e cambaleantes, dotados de uma elegância estranha. Seus corpos caminham juntos como se fossem uma coisa só, como se fosse ensaiado, exibindo os mesmos diferentes gestos agudos. Rasteiros, sao desajeitados e encantadores, de expressões tristes e fortes, nobres e pobres. Carregam um ar convidativo, que é tanto hesitação quanto curiosidade.
São tão tortos! E são tão bonitos...
As almas se misturam meio sem querer e meio que se entregam. O sol e as xícaras fazem amor.
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