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No meio disso tudo, eu escrevo...
sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
Resolução
Encara de frente o monstro que aperta as tuas entranhas e deixa o seu coração em frangalhos.
Só quem arrisca vê de frente a máscara da vida.
O fluxo sanguíneo encaminha todos os seres humanos para as extremidades do bom senso, e aí cabe a cada um decidir se vai ficar ou saltar.
quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
Testamento
Mas não posso também me ater a esse vai-e-vém do meu espírito, a esses intervalos de prazer.
No caminho entre um e outro, minha alma se esfarela cada vez um pouco mais, e o seu pó não pode virar cinzas nas mãos de ninguém. Não, nas mãos de ninguém...
O que digo aqui é que meus rastros não podem ser contruídos de lágrimas,
os meus restos não podem ser dor para quem me faz bem e a lembrança do meu rosto não pode arder - pungentemente - no peito de quem eu estimo.
Meus olhos querem poder mirar nos seus sem premência de desviarem embaraçados.
Meu lar é de marfim
É cama onde meu corpo descansaria
Suas janelas escuras cheias de musgo
São oceanos em que eu mergulharia sem retorno
Lábios finos e pálidos
Paraíso morno; portas de um labirinto cálido e profundo
Os braços do monstro de marfim
São pra mim porto seguro, onde eu ancoraria meu mundo
Beco do amor inabalável
a amante nua
A transa boa,
a conversa à toa
A névoa da manhã
o coração da maçã
a ânsia pelo porvir
todo o caos pra dividir
a obsessão, o riso doente
pela loucura desse estado permanente
9 olhos pintados
Tintas azul e branca colorem a pele morena, o rosto de mil olhos, o bicho de sete cabeças, a cabeça com mil bichos.
A figura se torna embaçada, permanecendo distintas somente as cores, que apagam os pensamentos mais remotos por alguns milisegundos.
Chicletes
Como se o tempo permitisse que por um instante o mundo girasse mais devagar para eu assimilar todas aquelas sensações.
O cheiro de hortelã é trilha-sonora do quadro verde-escuro: o pacote preto e prata mergulhando no líquido turvo em meio a micro-bolhas gasosas; se desintegrando como se estivesse embebido em refrigerante-ácido. Uma espécie de pântano cheio de estrelas dentro da garrafa. Tudo está em paz; uma paz estranha, um fluxo lento que a qualquer momento pode estourar em mil micro-bolhas de cristal.
quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
Premência
Meu mundo é todo colorido, azul vermelho furta-cor
mas de repente todas as cores se unem num ponto só,
onde a minha alma se dobra toda.
Tô
Tô bem de baixo prá poder subir
Tô bem de cima prá poder cair
Tô dividindo prá poder sobrar
Desperdiçando prá poder faltar
Devagarinho prá poder caber
Bem de leve prá não perdoar
Tô estudando prá saber ignorar
Eu tô aqui comendo para vomitar
Eu tô te explicando
Prá te confundir
Eu tô te confundindo
Prá te esclarecer
Tô iluminado
Prá poder cegar
Tô ficando cego
Prá poder guiar
Suavemente prá poder rasgar
Olho fechado prá te ver melhor
Com alegria prá poder chorar
Desesperado prá ter paciência
Carinhoso prá poder ferir
Lentamente prá não atrasar
Atrás da vida prá poder morrer
Eu tô me despedindo prá poder voltar
Dor e dor - Tom Zé
Porque o grito dos teus olhos é mais longo que o braço da floresta
e aparece atrás dos montes, dos ventos e dos edifícios.
E o brilho do teu riso é mais quente que o sol do meio-dia
e mais e mais
terça-feira, 27 de dezembro de 2011
Súmula dos meus dissabores
Falta qualquer boemia assim, nem tão qualquer enfim.
De frente pro crime
Tá lá o corpo estendido no chão
Em vez de rosto uma foto de um gol
Em vez de reza uma praga de alguém
E um silêncio servindo de amém...
O bar mais perto depressa lotou
Malandro junto com trabalhador
Um homem subiu na mesa do bar
E fez discurso pra vereador...
Veio o camelô
Vender!
Anel, cordão, perfume barato
Baiana prá fazer pastel
E um bom churrasco de gato
Quatro horas da manhã
Baixou o santo na porta bandeira
E a moçada resolveu parar,
e então...
Tá lá o corpo estendido no chão
Em vez de rosto uma foto de um gol
Em vez de reza uma praga de alguém
E um silêncio servindo de amém...
Sem pressa foi cada um pro seu lado
Pensando numa mulher ou no time
Olhei o corpo no chão e fechei
Minha janela de frente pro crime...
Veio o camelô
Vender!
Anel, cordão, perfume barato
Baiana prá fazer pastel
E um bom churrasco de gato
Quatro horas da manhã
Baixou o santo naa porta bandeira
E a moçada resolveu parar,
e então...
Tá lá o corpo estendido no chão...
domingo, 25 de dezembro de 2011
Don't look back in anger
Slip inside the eye of your mind
Don't you know you might find
A better place to play
You said that you'd never been
But all the things that you've seen
Will slowly fade away
So I start a revolution from my bed
'Cause you said the Brains I had went to my head
Step outside the summertime's in bloom
Stand up beside the fireplace
Take that look from off your face
You ain't ever gonna burn my heart out
So Sally can wait, she knows it's too late as we're walking on by
Her soul slides away, but don't look back in anger
I heard you say ...
Um nome pode ser uma condenação
Um nome pode ser uma condenação.
Alguns arrastam o nomeado, como as águas lamacentas de um rio
após as grandes chuvadas, e, por mais que este resista, impõe-lhe um destino.
Outros, pelo contrário, são como máscaras: escondem, iludem.
A maioria, evidentemente, não tem poder algum.
Recordo sem prazer,sem dor também, o meu nome humano.
Não lhe sinto a falta. Não era eu.
- o vendedor de passados, pág. 44
Still remains
E às vezes ainda sinto-as queimando quando elas batem no fundo.
sábado, 24 de dezembro de 2011
domingo, 18 de dezembro de 2011
Bath trip (Anamnese)
[Carried Home - Iron & Wine]
Ela passa pela porta de vidro do box. Gira o registro que será a porta de embarque para o seu devaneio.
[0'01] Caem as gotas do chuveiro. Parecem estranhamente sincronizadas.
[0'15] A água cai sobre o seu rosto.
[1'37] Ela se vê mergulhada em glicerina vermelha.
O corpo afundando devagar naquele mundo novo e estranho.
Seus cabelos se espalham acima de seu corpo, e ela se vê cada vez mais longe do mundo real.
Tudo começa a girar, cada vez mais rápido. Ela está no olho do furacão violento e tinto.
Uma tempestade-carmim arremessa-a para cima com urgência; como um aspirador, a sugar sua alma e matéria.
[Crazy - Gnarls Barkley]
[0'01] De súbito, ela está de volta.
Tudo mudou depressa. Como se ela tivesse recebido um choque elétrico, ela via mil cores e um branco intenso intercalarem.
Dançava - se é que aquilo pudesse ser chamado de dança - e pulava no cubículo de vidro.
Cada gota que caía era um pingo a mais de loucura.
Tudo rodava, estava tudo acelerado, frenético, vivo.
Sentia a água no seu corpo com uma intensidade absurdamente maior.
Todo o cenário esquizofrênico irradiava uma felicidade-elétrica, cujo ritmo acompanhava o pulso inquieto dela.
[Eletric Feel - MGMT]
[0'01] De repente ela estava dentro da própria mente. Tudo azul.
Estava rodeando o seu labirinto interno; seu motor era uma energia estranha e boa, como se o mundo todo tivesse a reunido e depositado-a naquele instante.
Suas memórias e desejos estavam vivos como nunca: o rosto de pessoas, luzes da cidade, o barulho dos automóveis, da rua e dos prostíbulos; florestas, o canto dos grilos, tambores africanos, desertos, campos gramados, duendes, sorrisos e sombras dançantes corriam como um filme em câmera rápida.
De repente tudo ficava azul de novo e começava a dissolver.
As gotas ainda estavam ali. Escorriam pelas beiradas e, ao alcançar o interior, flutuavam entre as memórias assumindo um brilho de cristal. Ao passo que se expandiam, ela retornava para o cubículo do box, guiada pela luz branca do banheiro.
[ Serpent Charmer - Iron & Wine]
[0'06] Ela começava a recobrar a percepção real das coisas, mesmo ainda residindo nela a reminescência da quimera da qual ela saía.
A água do chuveiro caía agora como um cobertor, ou talvez como as mãos do homem que amava, envolvendo-a de conforto.
Fechou os olhos e escorou o corpo no canto do box. Estava em paz.
Respirava fundo enquanto sentia o efeito contrastante da água quente e da parede gelada em sua pele.
Agradeceu pela água que caíra, que reuniu seus anseios, expulsou de seus ombros todo o peso do cotidiano, e molhou seu espírito de tranquilidade; e fechou o registro.
sexta-feira, 16 de dezembro de 2011
Comprometimento
Significado elástico.
Comprometimento. Responsabilidade; empenho.
Comprometido. Que tem uma relação de compromisso com alguém.
Comprometedor. Que expõe a riscos ou vergonhas; perigoso.
Comprometetimento, comprometido, comprometedor,comprometedor, comprometimento, comprometido, compromete...
Comprometimento
Palavra volúvel
Difícil de pronunciar; de proferir; de mencionar; articular, anunciar, balbuciar, que seja.
Comprometer-se.
Difícil, será?
Compromete. Responsabiliza. Põe empenho. Estabelece compromisso. Danifica. Expõe ao perigo, ao dano, à maledicência. À coragem, ao âmago, à outro, você. Responsabiliza-se...
Nosso estranho amor
Não quero sugar todo seu leite
Nem quero você enfeite do meu ser
Apenas te peço que respeite
O meu louco querer
Não importa com quem você se deite
Que você se deleite seja com quem for
Apenas te peço que aceite
O meu estranho amor
Ah! Mainha deixa o ciúme chegar
Deixa o ciúme passar e sigamos juntos
Ah! Neguinha deixa eu gostar de você
Prá lá do meu coração não me diga
Nunca não
Teu corpo combina com meu jeito
Nós dois fomos feitos muito pra nós dois
Não valem dramáticos efeitos
Mas o que está depois
Não vamos fuçar nossos defeitos
Cravar sobre o peito as unhas do rancor
Lutemos mas só pelo direito
Ao nosso estranho amor
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
De dentro. Já ao avesso mas não sai.
Peço silêncio ao conflito entre as partes comunicantes do meu cérebro, e momento ou outro, me rendo.
Peço e de tanto pedir me vejo pedindo sem propósito, porque já estou mergulhada dentro de mim a ponto de me achar feia; vermelha e cinza demais.
E aí não tem chuva, não tem livro, não tem pranto nem sorriso que me tire desse ponto sem ponto final.
sábado, 10 de dezembro de 2011
quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
INFERNO, ETERNO INVERNO, QUERO DAR
Teu nome à dor sem nome deste dia
Sem sol, céu sem furor, praia sem mar,
Escuma de alma à beira da agonia.
Inferno, eterno inverno, quero olhar
De frente a gorja em fogo da elegia,
Outono e purgatório, clima e lar
De silente quimera, quieta e fria.
Inverno, teu inferno a mim não traz
Mais do que a dura imagem do juízo
Final com que me aturde essa falaz
Beleza de teus verbos de granizo:
Carátula celeste, onde o fugaz
Estio de teu riso — paraíso?
- Mário Faustino
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
sábado, 3 de dezembro de 2011
(Des)encontros
- Gabito Nunes
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
Assim como esse texto, minha mente às vezes me lembra uma barata.
"The Decemberists - Sons and Daughters" toca alto no fone de ouvido pela segunda vez desde que desci o elevador.
Passo em frente à banca da esquina, e me vem aquela vontade parcialmente aleatória de fumar. Aquela vontade que vem em momentos assim, e que é facilmente ignorável. E facilmente ignorável é também o "deixa pra lá", e acabo comprando dois avulsos, com a certeza de que um acabará amassado e jogado no lixo em breve.
Me arrependo pelo odor que fica na ponta dos dedos mais do que pelo meu pulmão em si. Se meu pulmão aguentou, junto de todo o resto do meu corpo, doses ridículas daquele dos olhos de ressaca, paciência, sobreviverá a uma fumacinha por 3 minutos.
Aliás, me surpreende o tanto que meu corpo foi, de certo modo, forte em situações nas quais quis fracamente sucumbir. Tudo bem, ele deu umas vaciladas feias nessa tentativa frustrada de se manter inabalado. Mas não custa valorizá-lo pelo esforço, que a minha cabeça por outro lado não teve a decência de fazer, inescrupulosamente levando o resto junto. Puta traidora...
Jogo o segundo cigarro no lixo e passo pela catraca.
Esquina 11
Não o tinha como amigo.
Talvez a incomodasse ser assim com ele.
Talvez fosse o que devia ter sido.
Não importava agora e aqui e nesse contexto onde tudo está definido, e isso a incomodava.
Queria poder reavivá-lo em carne crua, liberar a caixa de pandora num rasgo profundo do estômago e aturar. Venha a dor que vier, que estou aqui e até hoje não saí.
Coffee under the planetarium
Puxa um cigarro da bolsa marrom. Dá uma olhada ao redor. A moça do balcão não parece o notar, ainda que ele pareça grande demais no ambiente claro. Dá um trago não muito longo. Seus olhos verdes e negros fixam-se num ponto entre a parede e o vidro da janela. Abre numa página aleatória o livro em que apoiava sem querer e desajeitadamente o cotovelo. Caí umas cinzas sobre a página. Droga. Talvez a biblioteca nem note. Talvez a biblioteca nem exista mais quando for devolver o livro. Passa a mão para limpar o pó, que acaba marcando ainda mais parte do texto. "Uma mente perturbada está sempre ativa, saltitando daqui para lá, sendo difícil de controlar; mas a mente disciplinada é tranqüila; portanto, é bom ter sempre a mente sob controle.", lê. Dá outra tragada e solta uma fumaça lenta próxima ao rosto pálido.
Do outro lado da cafeteria o meu fantasma novo o observa com os ombros curvados. Sua boca parecia mover-se diferente do que lembrava... Ele não gostava de café tanto assim. Certos hábitos - vem o pensamento bobo - parece que adquiriu de propósito para provocar.
O fantasma ganha nome Macabéa; "café frio", mas não pede desculpa por ocupar espaço. Porque fantasma como era, nunca ocupou.
Ele não a notou quando saiu. Levantou rápido e esguio. Sua altura parecia quase alcançar o teto.
Ele não cabia ali.
Ela, que há muito já tinha terminado o café, não viu que direção ele tomou. Viu o fio laranja rodeando o espaço vazio. Viu o início do caminho de volta para casa.
Ele não cabia no caminho.
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
Do porque de não escrever sobre cogumelos, cidades de ferro, caminho sem rumo, sentimento de gelo seco, balões cor-de-rosa dentro de mim, sobre...
Acontece que disso eu tenho muito, e por isso mesmo não escrevo.
Não escrevo sobre as paredes que derretem, as gotas de tinta respingando dos prédios e das pessoas, das coisas oníferas, do incerto e daquilo que existe sem motivo de ser porque isso tudo ocupa minha mente por um tempo já muito longo dos meus dias, a ponto de eu me perder em meio a uma conversa.
Não escrevo também porque certas coisas não foram feitas para serem assassinadas pelo papel, serem dimensionadas e limitadas pelas palavras que nunca são suficientes.
Não escrevo porque tenho algo muito vivo dentro de mim, que eu não quero matar nem quero que me mate.
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
quarta-feira, 19 de outubro de 2011
sábado, 15 de outubro de 2011
As vezes eu acho que os relacionamentos deviam obedecer as leis da química
Mas o responsável pelo mundo esqueceu de avisar a Natureza que tinha um fator-coringa que podia botar tudo a perder: o ser humano, que ao inventar os relacionamentos desafiou a boa vontade da Senhora. A Natureza agora tinha que se virar pra encaixar esse novo elemento nas infalíveis regras do equilíbrio.
Bom, perdoe-me pela sinceridade, mas você que é dona da ordem desse planeta falhou miseravelmente. Imagino a dificuldade que deve ser ter todo esse mundão pra cuidar, e admiro a persistência, mas se Você tivesse parado um momento pra refletir sobre nós, criaturas humanas, não estaríamos em tantos apuros; e quem sabe nem estaríamos nos vingando tanto da Senhora (daquele jeito que o filho rebelde trata quem o cria em algum momento da vida, por não compreender os seus meios, sabe?)
Portanto, fica aqui a minha sugestão atrasada: tem certos sentimentos que deviam ser não-espontâneos, como as reações que só ocorrem se a gente dar um grau na temperatura. Caso contrário, tudo continuaria no mais perfeito equilíbrio.
Tenho um professor que diz que a natureza é caprichosa. Sei não, sei não...
Ela dormiu imitando o sorriso dele.
- Antes do sono chegar imagino um milhão de mundos, e aí já não sei de qual eu gosto mais.
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
Do que não é domínio público
Sobre o egoísmo dos que pensam que são os únicos que amam ou odeiam, que riem ou que sofrem.
(E da cara de pau de uns que dizem que se importam e sentem muito.)
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
Da MPB traduzindo tudo
Singing an old, old Beatles song
We're not that strong, my lord
You know we ain't that strong
I hear my voice among others
In the break of day
Hey, brothers
Say, brothers
It's a long long long long way
Hoje foi que arreparei
Se arreparasse a mais tempo
Não amava quem amei...
Que o nosso amor se acabou
Ele agora está mais firme
Do que quando começou
A água passa e a areia fica no lugar...
E se não tivesse essa dor
E se não tivesse sofrer
E se não tivesse chorar
E se não tivesse o amor
Arrodeada de areia branca
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
Das coisas entre 2
Depois nos enfiamos nus debaixo do lençol e esquecemos do resto das coisas.
the circus in my living room
Um feixe de luz ilumina a penumbra, revelando alguns contornos das figuras que avançam, envolvidas por uma espécie de poeira. Amarelo, vermelho; cores do circo as acompanham. Cores meio gastas, sapatos meio gastos, pessoas meio gastas. Figuras circenses com isso ou aquilo corroídos, passos arrastados e cambaleantes, dotados de uma elegância estranha. Seus corpos caminham juntos como se fossem uma coisa só, como se fosse ensaiado, exibindo os mesmos diferentes gestos agudos. Rasteiros, sao desajeitados e encantadores, de expressões tristes e fortes, nobres e pobres. Carregam um ar convidativo, que é tanto hesitação quanto curiosidade.
São tão tortos! E são tão bonitos...
As almas se misturam meio sem querer e meio que se entregam. O sol e as xícaras fazem amor.
domingo, 11 de setembro de 2011
Não joguem pedras na morte. Ela está aqui para cumprir a sua função e só.
Talvez não só...
Consoada
Quando a Indesejada das gentes chegar
(Não sei se dura ou caroável),
Talvez eu tenha medo.
Talvez sorria, ou diga:
- Alô, iniludível!
O meu dia foi bom, pode a noite descer.
(A noite com seus sortilégios.)
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
A mesa posta,
Com cada coisa em seu lugar.
quarta-feira, 7 de setembro de 2011
Coffee Heart
e te dá ânimo quando você quer desistir.
Mas diante dos mais indelicados, ele queima, e sem dó.
Pode ser suave ou carregado de sabor, reflexo das circunstâncias e humores.
Pode ser doce ou amargo, depende de quem o tratar.
Ele é clichê, assim como as formas mais educadas e discretas
de se pedir respeito, compreensão e um pouco de carinho.
Bem vindo ao meu coração de café...
[6/9/2011]
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
Céu de 6h da tarde.
Micro, sobre as coisas pequenas do dia-a-dia, da vida aqui e agora.
Macro, o mais abstrato e pesado, das coisas do mundo, que são muito mais sérias do que as que eu costumo presenciar no cotidiano, mas sei que existem. E aí eu me sinto imensamente mal e desconfortável, por ser tão afortunada enquanto outros padecem no sofrimento em outro canto do mundo.
A fome, a guerra, a miséria, o descaso. Os resultados da loucura humana de pensar que as pessoas servem ao dinheiro e não o contrário. Os distúrbios do mundo, que você sabe que serão mantidos pela ganância e pelo egoísmo das pessoas, e aí eu vejo, como um flash, toda a maldade e a frieza da vida que levamos sem perceber.
E a vertente romântica e esperançosa da Ninha fica no outro post.
Vou dormir pensando nas máscaras do teatro...
Céu azul de manhã
Quero mais abraços. Quero mais café e mais conversa-de-domingo.
Quero gente mais bem humorada, que ri de bobagem; gente mais irreverente, assim.
Quero gente que ama e gente que torce o nariz. Gente com gostos e desgostos, com alguma alma pra mostrar.
Quero mentes mais abertas e quero, sobretudo, a extinção e abominação total do preconceito.
Quero gente que respeita a dor e sabe ter compaixão.
Quero um mundo mais assim, humano, no que isso tem de positivo.
Quero um mundo mais utópico, porque agora estou romântica e clichê, e quero que isso não morra nunca.