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É preciso estar atento e forte: a má notícia é que as coisas mudam. Calma, a boa notícia é que as coisas mudam.
No meio disso tudo, eu escrevo...

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Salvation

- Tudo certo na bahia
Brisa boa de meu deus
 
Eu foco os olhos no travesseiro branco pra ter certeza
que em volta é a Bahia.
Pra sentir aquele cansaço de leve, porque passei a tarde
pulando nas ondas com meu vestido branco de renda.
Todos nós nos molhando, e rindo.
Aquelas pessoas que eu amo; que sorte ter as 
encontrado! Não teria sido assim se eu tivesse trilhado
caminho diferente... A onda bate e me tira dos poucos
segundos de transe histórico.
Estou aqui, estou aqui, estou aqui.
Tem esse cara, menos importante nas circunstâncias
atuais, que me levanta do chão e corre em círculos comigo.
Na verdade mal o conheço. Que é que ele faz aqui?
Me lembrando que há sempre um amanhã,  e novos
sentimentos para  novas e velhas pessoas...
 
Ancorar meu barco junto ao seu
Liberdade deus me deu
 
 Ah o amanhã...
 
E de manhã
Acordar com cheiro
Misturado seu e meu
Por tudo que aconteceu
 
As águas correm entre minhas pernas, e é hoje
de novo, na Bahia.
Que seja em NY! Ou naquele lugar que você nem
sabia que existia.
 
E de noitinha
Faça um cafuné mainha
Tome um banho de bahia
Que painho é todo seu
 
É a noite, no quiosque, com a maresia trazendo as historias. 
Cobertores e aquele drink tropical home-made. 
Ainda tem gente dentro da casa, as luzes estão acesas.
Agora não tem música. É silencio amigo. Veja só onde chegou!
Onde as circunstâncias te levaram...
Paz.
Não falo de uma vida serena e sem dificuldades; mas real.
Real, mas bem vivida...
Suas escolhas te trouxeram aqui, lembra?
 
Hoje eu estou dentro da música. Talvez sou eu quem está
fazendo a música... Vai saber. Só sei que eu sinto. 
E agradeçocom meu cúmplice silêncio. É a esperança, 
criando a paz e a felicidade leve em que estou agora.
E os sonhos são embalados pela noite, que traz o céu, 
janela para a minha eterna Bahia de Saulo.
 
Estou andando pela avenida de pequenas lojinhas. 
Olhando à esquerda, pequenas luzes - lindas! - a uns dois 
ou três metros iluminam o caminho. Volto o olhar pra direita,
e aquele sorriso ilumina minha vida inteira.
Andando abraçados pela pequena rua de pedras, seus braços
envolvendo meu casaco marrom.
Estamos indo pra casa. 
 
Em volta meu quarto,
da mesma maneira que estava quando o deixei. 
Mas algo está diferente.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Me lembra Saramago e sonhos.

O céu, o outono, o homem e a mulher


Havia um banco. Um banco branco. Um banco branco, grande, de granito, frio, feio, triste e sozinho, no meio da praça. Sobre o banco, havia um homem. Sob o homem, havia um banco.
O homem era alto e magro, e, sob os cabelos encaracolados, seus olhos estavam fixos em um jornal. O homem lia.
Por uma porta de madeira (que separava aquele mundo real do imaginário), entrou a mulher. E, junto da mulher, sem convite, entrou a brisa musical do outono que se despia de suas folhas secas e mortas.
A mulher era ela, nem alta nem baixa, nem gorda nem magra, era apenas ela, mulher, mente e alma. Trazia consigo uma musica, e, com ela, o mundo dançava.
A mulher, harmoniosa em si, sentou-se no banco branco ao lado do homem que lia o jornal.
O céu, acima das cabeças do homem, da mulher e da frieza do banco, olhava para baixo, acolhedor em seus leves tons pasteis. Era azul e amarelo, era um céu de outono que alegrava o coração da mulher.
Tem coisa mais bela e perfeita que o céu? Ele é por ser. Não se compara, simplesmente é.
E o homem olhou para a mulher, enfeitiçado pelos seus pensamentos alheios.
E a mulher olhou para o homem, curiosa em sua estampa.
E enquanto ambos se contemplavam, uma águia viril entrou pela porta. A porta caiu, a musica se esvaiu, o outono se foi.
Todas as coisas mais belas daquela manhã de maio se esconderam em suas tocas, mas o céu por lá ficou, em sua magnitude, sereno. Ele foi o único que percebeu.
Envoltos pelos ventos cortantes que chegavam com pressa, a mulher e o homem continuavam a se encarar. Vez ou outra, a mulher murmurava uma melodia de verão. E o homem sorria um pouco mais.
Passaram-se mais três estações, até as primeiras palavras ditas, estilhaçando o silencio em pequenos cacos de saudade.
E a mulher e o homem conversaram por alguns minutos até começar a chover. O homem virou-se e foi embora, protegendo-se com o jornal. A mulher por lá ficou, observando os lamentos do choro do céu a presenciar mais um final infeliz. 

 Ctrl C Ctrl V de As maravilhas do país de Alice. Optei por não mudar uma vírgula de lugar.

Recaída

Te ver e não te querer
É improvável, é impossível
Te ter e ter que esquecer
É insuportável
É dor incrível...

Chega a ser incrível como conseguem criar uma melodia alegre pra isso.

25/06/10 - 1 ano sem Michael. Não escrevo mais nada, pois não encontro palavras.

domingo, 20 de junho de 2010

E não é que tem?

No arrefecimento das minhas vontades , quando a esperança ia devagar ao encontro da morte - seria mesmo ela a última que morre? Ou é sua ruína que faz sucumbir todo o resto? - Como seja, o que é certo é que quando me aproximava de pular no vão do desapontamento, esparge da já fina fresta a existência daquilo que procurava, dessa vez em um vão diferente. Sopra em mim todo o ar, que arrulha:

  Ainda há fogo que não cedeu às águas estéreis.
 Fogo que teimou em arder sem se render ao vão; um vão que nesse contexto já não posso atribuir nenhum dos significados anteriores, pois carrega um outro peso: o comum à maioria medíocre e inepta, que existe, mas nada é.

  E digo com certeza, com a voz de quem passou por esse breve, mas incitante contentamento:
  A esperança só vem de quem é.

sábado, 19 de junho de 2010

Nada passa, nada expira
O passado é
um rio que dorme
e a memória uma mentira
multiforme


Dormem do rio as águas
e em meu regaço dormem os dias
dormem
dormem as mágoas
as agonias,
dormem.

Nada passa, nada expira
O passado é
um rio adormecido
parece morto, mal respira
acorda-o e saltará
num alarido.

O vendedor de Passados, Pag. 4

Comecei a ler faz poucos minutos. A coragem veio de umas páginas folheadas que me chamaram a anteção.
Algo sobre nunca amar assim, com paixão.