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É preciso estar atento e forte: a má notícia é que as coisas mudam. Calma, a boa notícia é que as coisas mudam.
No meio disso tudo, eu escrevo...

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

L'amourese

Dei pra ouvir músicas francesas nos últimos tempos.


'[...] tout paraît inconnu tout croque sous la dent
Tudo parece incerto, tudo trinca sob o dente
Et le bruit du chagrin s'éloigne lentement
E o barulho da tristeza lentamente se afasta
Et le bruit du passé se tait tout simplement
E o barulho do passado simplesmente se cala
Oh, les murs chagent de pierres,
Oh, os muros mudam de tijolos,
Le ciel change de nuages,
O céu muda de nuvens,
La vie change de manières et dansent les mirages
A vida muda de maneiras e as miragens dançam 
On a vu m'a-t-on dit le destin se montrer
Me disseram que viram o destino se mostrar 
Il avait mine de rien l'air de tout emporter
Sem demonstrar, parecia que ele devastaria tudo 
Il avait ton allure, ta façon de parler
Ele tinha a tua aparência, a tua maneira de falar [...]'

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Caros enfermeiros,

Sei que a conduta de vocês é baseada no bom atendimento e preza pela atenção ao paciente, e a respeito disso fico muito grata, obviamente. Porém aqui vão algumas considerações antes de vocês entrarem nesse quarto:
Por mais que eu queira ser simpática as 4h da manhã, isso não é sempre possível, afinal meu relógio biológico não entende "Bom dia" antes das 8h da manhã. Sei que o hospital tem certos horários definidos, e portanto não espero que me deixem dormir até as 14:30 como faço de costume em minha residência, mas eu apreciaria muito se vocês, caríssimos enfermeiros, entendessem que eu não gosto de socializar a cada 30min durante as minhas madrugadas em travesseiros pouco acolhedores. Não sou nenhuma celebridade nem apresento um quadro crítico de saúde para ser checada a cada 30min. Claro que para as questões necessárias, como aplicações de remédio, checagem de pressão, café da manhã, não irei impedir o seu caminho. Porém não quero conhecer todos os enfermeiros do setor durante as madrugadas, 2 são suficientes, considerando a mudança de turno, por mais que vocês queiram se mostrar prestativos diante da equipe do hospital.
 Para aqueles que entram para fazer perguntas a respeito do meu estado físico (e para isso não preciso de 5 enfermeiros diferentes num raio de 3h) aqui vão as respostas:
Sim, estou me sentindo bem, na medida do possível considerando que estou em um hospital por alguma razão.
Não sinto dores no corpo nem de cabeça (a não ser que vocês resolvam ignorar essas minhas considerações e oferecer um banho as 7h da manhã, coisa que eu não cederei ainda que haja sugestões, luzes acesas aparentemente sem razão ou qualquer outra forma de insistência)
Tenho me livrado dos meus restos digestórios muito bem, obrigada. Activia não é necessário por aqui.
Tenho seguido as recomendações médicas, sejam elas quais for - costumo obedecer as regras que garantem a minha saúde.
Qualquer mudança nesse estado, e eu notificarei. Se eu precisar de algo, chamarei. Pra isso serve o botão vermelho ao lado da minha cama. Se eu tiver uma emergência, vocês saberam logo!

Caríssimos enfermeiros, que custaram a minha noite de sono no Socor recentemente, essas seriam, se eu fosse a paciente, as observações pregadas na porta de entrada do meu quarto, com uma nota de "Pense duas vezes antes de entrar."ou um "Reflita: é mesmo necessário?" para os adeptos da auto-ajuda. É na verdade a versão que eu escolhi dentre umas 4, umas mais e outras menos educadas, assim como os senhores, bem variados em comportamento e desconfiômetro - isso serve pra você, mocinha que abre a porta como se fosse uma cena de crime e fala como se todos estivessem acordados e animados para um cheer-up.
 Termino propondo que lançem a matéria "Bom senso e educação - Buscando o bem-estar do paciente" a médicos e enfermeiros desse Brasil.

Revoltei sim, sono é saúde também! Além disso, o estado-zumbi ao qual fui submetida foi presenteado com as reclamações da minha vó, que não gosta de ficar em hospital, sobre a bagunça do quarto (como se pudesse fazer muito num quarto de hospital) e a inexperiência de "novinhas imaturas que nada entendem de serem acompanhantes em hospitais". É vó, minha mãe não pareceu achar ruim eu revezar com você, obrigada pela consideração.

17 de Janeiro de 2011

domingo, 16 de janeiro de 2011

"Amor é sexo"

Nada disso. Amor é completamente dissociável de sexo, e vice-versa. Não que eles não possam - ou devam - caminhar juntos. Mas o que estou dizendo é que há sexo sem amor - e disso muitos devem saber. E há amor sem sexo, e disso alguns devem ter ciência, ou experimentado. Pra mim o amor é algo tão forte que não depende de mais nada para existir: históricos, bons valores, mesma situação social, financeira ou emocional, nada disso define uma condição para que haja amor, e portanto nem o sexo. Claro, quem não quer ser capaz e livre para amar aquele com quem faz sexo, ou fazer sexo com quem ama? Mas uma coisa não depende necessariamente da outra.
E porque toquei nesse assunto mesmo? Ah é, pois no filme que está passando (Vida de casado?) a mulher do protagonista (se é que ele é o foco de fato) insiste em dizer que amor é sexo. E disso eu discordo e muito. Eu e Rita Lee. E logo, também Arnaldo Jabor: amor é prosa, sexo é poesia.

7 de Janeiro de 2011

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Lego land

A propaganda do par perfeito sugere que cada um tem um encaixe. Uma grande peça colorida em um dos braços que o identifica. Essa peça é única, e tem seu encaixe perfeito; seu par.
Fiquei pensando se a vida fosse realmente assim. Que peças seriam os relacionamentos casuais? Como nos encaixaríamos temporariamente em outras pessoas por um mês, por uma hora, por uma noite?
Como seria a peça daquele amigo-colorido que curou sua carência na noite de sábado com uma palavra amiga, uns drinks e talvez uma pegação não-planejada?
 Uma questão ainda mais fácil de alcançar a mente: como são as peças dos amantes? Afinal você já encontrou aquele par que se encaixa perfeitamente em você. Como foi encontrar outro, que de alguma forma encaixasse também? Eles preenchem talvez parte da estrutura, assim como o fazem na vida dos que mantem tal relacionamento? Um pouco do todo que aspiram um dia conseguir, ou só mesmo a parcela que de fato merecem, meio torta e desajeitada, mas ali. E se as coisas são assim, simetricamente definidas, o divórcio também seria apenas um desencaixe de peças? Nenhuma herança do relacionamento resta? Nada de desentendimentos com fins trágicos? Ou fica algum rastro, uma pequena marca do que ali esteve um dia? Há peças que foram moldadas para serem simplesmente sozinhas?
 Aqui estou eu viajando num bando de pecinhas de lego.

E no fim até que a propaganda era boa. Quer dizer, transmitiu a ideia com sutileza. Apesar das enormes peças coloridas agarradas nos braços das pessoas, claro.

 Out of Line: Some people are really crazy about lego! (ver no tumblr!)

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Hoje sonhei que tinha um filho.

E mais incrível - e fora do comum - do que postar sobre isso, foi a minha reação, que em sonho foi exatamente como seria na vida real, e isso eu só percebi depois, após alguns minutos de reflexão.
Eu sonhei que tinha um filho, e só isso que vou dizer por agora.

mas vale a observação: que o meu namorado não se perturbe por esse post, nada tem a ver com alguma condição atual ou desejo próximo.
Só algo pelo qual valeu a pena pensar.

Em nome do pai, do filho, de todos.

Do catolicismo aprende-se que deve ser obediente a tradução daqueles responsáveis por atrair fiéis e compradores dos céus. A tradução das regrais do mundo para os pobres seres humanos, comuns e sem capacidade de transformarem a faísca do pensamento em fogo.
Do protestantismo a lição é a livre interpretação dos ensinamentos do dono da razão. Quão perigoso é colocar cada pensamento obscuro ou até perturbado na posição de decifrar as regras do justo e verdadeiro?
Solucionar o caos, portanto, é abdicar-se de procurar uma solução nos escritos de outros. A própria experiência da vida deve valer-se como ensinamento, como prêmio ou castigo de cada um.
Queimem as palavras que foram escritas não há mais de 2000 anos, mas que vêm sendo escritas por esse tempo - afinal não me diga que o homem, corrupto e defensor dos seus interesses próprios desde o princípio nunca alterou uma vírgula dos livros sagrados; e não me chame de arrogante por alegar ato tão criminoso contra o divino - e que continuarão a servir de causa e justificativa para os maiores males do mundo.

Você é um grande filho da puta.

E você fica me olhando com esse olhar filho da puta que não me deixa escapatória. Eu caio por você uma, duas, três, sete vezes. Caio quantas vezes você me olhar. E, se parar de olhar por um segundo que seja, eu caio de novo, caio de loucura, de querer saber por que parou de me olhar. E vai ser assim para sempre, não porque eu seja fraca, nem porque seja amor isso que eu sinto. Eu caio porque esse olhar é filho da puta de um jeito filho da puta que só ele consegue ser. Está para nascer olhar mais cafajeste, que me agrade tanto, que me consuma tanto.


Eu me lembro muito bem a primeira vez que esse olhar me olhou. Eu fingi que não vi, doida para rir, doida para olhar de volta. Fingi que não vi e fui olhar para outro canto. E do mesmo jeito que você tem esse olhar, eu tenho alguma coisa, que eu não percebi até hoje o que é e nem sei como posso ser dona de tal, mas que lhe deixa torto e inseguro e cheio de vontade. É você com esse seu olhar e eu com isso que eu queria tanto saber o que é, só para poder usar mais vezes, só para usar quando eu quiser.


E desse olhar e dessa coisa surge essa relação que eu nunca entendi o que é, que nunca foi nada e nunca vai ser, é só isso, essa coisa maluca de corredor parado de festa, de traseira de carro estacionado no sítio, de banheiro de faculdade e de elevador de serviços. Essa coisa que todo mundo vê, mas ninguém nunca viu. Essa coisa que está na gente, que escapa e volta e que nunca deixa de ser, mesmo nunca sendo nada. Essa coisa minha e sua e só. Isso.

Retirado do para ver se cola
Traduz um bocado, Clá. Valeu.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Chuvisco

Perderei o amanhã.
Quisera eu poder enfrentar mais um nascer do sol.
Não será possível...
Partirei na madrugada silenciosa.
Serei névoa.
Gotas de chuva.

retirado de
Pega a cadeira e senta

Antissocial é o...

  Me auto-intitulei antissocial nos últimos tempos. Mas na verdade não sou, sabe? Pra ser classificada assim, eu deveria apresentar desinteresse em me relacionar com as pessoas, e isso é uma das coisas que mais aprecio. Mas relacionar anda tão difícil esses tempos... Não por falta de pessoas, tem gente falando e gritando e chamando atenção por todo lado. Mas eu não quero conversar com uma pessoa, e ouvir o mesmo da próxima. Gente igual não me interessa. E que ninguém seja hipócrita de me achar arrogante por isso. Nenhum menino comum de 10 anos quer figurinhas iguais, afinal ele quer completar o álbum. Ninguém que queira um menáge quer uma pessoa, e seu clone. Quando pedem bis, não esperam que o artista cante novamente a mesma música. Pois bem, uma pessoa interessada em trocar ideias, experiências ou qualquer tipo de enriquecimento mental não fica satisfeito em ouvir a mesma coisa de pessoas, na teoria, diferentes. Esse é o problema. Todo mundo muito igual.
  Não precisa muito pra chamar minha atenção na verdade, até porque algo que ressalta do resto virou artigo raro hoje em dia, então quando há uma faísca qualquer, eu rezo pra que se faça fogo.
  Sinceramente, eu prefiro conhecer um pessoa que eu venha a detestar pelas suas manias e ideias adversas das minhas do que gastar meu tempo ouvindo a repetição cansativa de pessoas sem qualquer pensamento genuíno. Aquela mocinha das palavras cruzadas e que usa aquelas botas vermelhas que ninguém entende me parece 400 bilhões de vezes mais interessante que a loirinha que fica gritando aquele sertanejo chiclete na sala de aula pra chamar atenção, e não acho que isso seja nada menos que óbvio. Não vou sair com gente acerebrada, e pronto.
  Não quero parecer arrogante ou seletiva demais, não é isso. Eu só não gosto de assistir ao albinismo mental dessa época (como se eu tivesse 77 anos de idade) que parece ser artigo valorizado, nos outdoors e canais de TV.
  Falando em TV, está passando um filme sobre Woodstock. *Ok, eu não diria que gostaria de ser hippie e ficar lá fumando maconha pela paz ou me enchendo de ácido, mas se tem uma coisa que eu invejo naquela sociedade é a existência de mentalidade;  existiam ideais e pontos de vista. Porque hoje em dia se você fala em ponto de vista, é bem provável que comecem a discutir o relacionamento de algum casal de novela. E pra esse tipo de coisa, eu realmente sou antissocial, e com prazer.

*Out of line:
- You have California plates. Is that where you're from?
- There, and New Mexico... - And Oregon.
- You're from everywhere.
- We're from everywhere. - You're from everywhere.
-I'm from here.
- You're from here, man. -That's so cool.
- I guess so.
- Man, you're amazingly from here. Here, man, take a ride to here and now. - Eight miles high.
- I'm actually a little afraid of heights...What the heck.
É, definitivamente eu não seria hippie.

[ 1o semestre de 2011]