Achar nesse blog ou em links próximos:

.

É preciso estar atento e forte: a má notícia é que as coisas mudam. Calma, a boa notícia é que as coisas mudam.
No meio disso tudo, eu escrevo...

domingo, 20 de dezembro de 2015

Turn point

As coisas não andavam bem, e god knows eu não descanso até conseguir entender e mudar isso.
Entre entrevistas do TED, conversas sobre estar todo mundo mal e seriados como Master of None, me veio uma ideia. E aí duas. E aí três (talvez meu amigo esteja certo e eu não esteja num blackout criativo, talvez eu tenha várias ideias). É isso, consegui sair do meu ponto de não sentir e não querer nada com paixão.
Então estou criando três mini-jogos pra mim. E pra treinar habilidades que ando mandando mal como definir objetivos, descrever coisas e descobrir meus pontos fracos e fortes, vou escrever o porquê de estar fazendo cada uma.

Lá vai - que o jogo comece.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Ressaca. Duas descargas. O problema é a maré. Sempre culpamos a natureza por nossas incapacidades.

Você que se vê tão livre, amarra o que há de mais puro num manual pesado da não-relação (meio, irônico, ein?): até sábado eu não existo, nós somos uma história que você viu acontecer na rua ou em um filme que você não escolheu ver. São 6 dias, depois uma semana, depois vai saber. Eu entendi. Você não.

Você não me escolheu inteira. Eu não escolhi o seu café pequeno.
Sua transbordante cafeína que pinga no que você insiste em considerar um pires; é, eu sinto o calor e o cheiro de conforto, mas espirra amargo em mim.

Prédio.
Prédio prédio prédio versus coração, olhos e mãos; sexo.
Sempre culpamos a natureza por nossas incapacidades. A natureza se tornou o clichê menos praticado.
Prédio. Não cai assim, do dia pro outro. Mas seus significados sim, podem mudar. Você entende dos rituais, preciso explicar? Não, não foi aberto o espaço para explicações nesse manual.
E nós tivemos a porra dos 6 dias, da tal semana. Tivemos tempo.
Você não quis. Mas o fazedor de vídeos não sabe falar isso em voz alta pro público.
Vou facilitar sua escalada e deixar você na sua torre. Se cuida entre as cores.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

"De um lado você é exatamente o que eu queria, de outro você é totalmente impossível."

"De um lado você é exatamente o que eu queria, de outro você é totalmente impossível."
Assinado: mundo.
Ok, evitar os exageros.
Até mesmo pra perceber o não-exagero que pode existir em "exatamente" vindo de você. Parece sério.
É que estou acostumada com a ideia de ser impossível, no que há de bom e ruim para as pessoas. Isso não me assusta, isso não me faz recuar.
Mas por alguma razão me peguei sofrendo por um como não sofria desde a facada-de-cores-trago-amargo-fada-verde-dissolvendo-em-vitamina-C-dos-olhos-de-capitu, e isso me assusta.
Me assusta mais saber que estou disposta a continuar nesse trem, mas um susto positivo (e olha que não sou disso!), por estar me permitindo enfim.
Na outra caixa de texto, essa bem debaixo do nariz, embaixo na janela virtual, na janela dos olhos, a mesma perda. A mesma distância que não propus - e que meu poder em reverter era limitado justamente pelo meu dom de tornar natural tudo o que sai de cada um, ainda que a contragosto.
A mesma paixão arrebatadora da identificação, do poder explosivo mas destrutivo de dois que se querem profundamente, e profundamente se abalam pelo desejo de uma - é, eu, eu eu eu - de querer mais, sempre mais.
Dizem que é melhor ter dois pássaros na mão do que dois voando. Mas detesto simplismos, preto no branco. Os pássaros não são dois, eles não sabem só voar a esmo.
Esmo é o oposto de esmiuçar os detalhes, e isso não quer dizer pirar no desnecessário, nem procurar pelo erro, mas reconhecer os consensos e os dissensos que nos fazem diferentes - como é natural de ser - mas que nos fazem reais e juntos na experiência de viver das maneiras mais bonitas, ou mais justas, ou simplesmente mais confortáveis para seguir esse trilho que todos sabemos, não é fácil nem possível de seguir sozinho.
Mas, de novo, não existem só dois pássaros sobrevoando o trilho. E ainda bem. A dor vem de reconhecer isso num mundo que insiste em criar pop sertanejo sobre o apego, e não sobre o amor. A pena é uma geração de instantâneos que não mergulham nem se deixam sentir a água bater nos corpos. O brilho do que reflete nessa água só é percebida pelos que tem a sensibilidade e a força. A sensibilidade para perceber ao seu entorno, ver (e não somente olhar de relance) os outros (plural, plural!) e a força para saber ser coletivo de peito aberto em um bombardeio de individualismos que se fecham. E se fecham as portas para o que há de mais puro, que de um lado é exatamente o que eu queria, e de outro, totalmente impossível.
Agora - e por muito tempo, talvez? - é decidir: seguir o impossível absorvendo toda essa energia que pulsa do caminho, ou sucumbir à normalidade da mediocridade? Não, não, sucumbir jamais. Me parece mais razoável - pra não admitir ser o único caminho que compreendo - saber o que quer, ainda que não seja alcançável - a alternativa não me satisfaz, o intermediário me é estranho. Não abrirei mão, ainda que partes de mim derretam nas janelas vendo os pássaros escaparem à mão. Encarar o inevitável. A escolha mais honesta. É nessa força que me sustento, na corda da sensibilidade.

sábado, 8 de agosto de 2015

Se. Cê. Cesse. Acesse. Aceso. Cedo.

O que teria sido de nós se tivesse ficado, se tivesse voltado?
Seria a mesma coisa, porque não seria: foi. E o que acontece com a gente a vida não negocia:
é arredar o pé pra outro lado e tudo mudaria, e se assim não foi assim teve que ser, que bom!
Que bom que não tenho o seu pescoço quente pra roçar o nariz agora? Não, aah, isso encaixaria perfeitamente no tempo em que me desligo do mundo.
Que bom que não escuto você tocando guitarra ou assobiando uma música qualquer que eu cantei?
Que nada, mesmo se estivesse tentando me concentrar e seu som me desconcentra-se, concentraria na sua presença.
Mas não tenho sua presença - minto, tenho ela aqui num canto pesado mas bonito do peito esquerdo; mas tendo o vento no espaço que poderia estar você me pergunto algumas coisas já criando o compromisso da resposta ser tá tudo bem, foi como tinha que ser. e foi bonito. durou pra sempre naqueles instantes, e quando chegar perto de você desaparecer de vez, te vejo antes.
"Andábamos sin buscarnos pero sabiendo que andábamos para encontrarnos", né?
Eu lembro e você também.
E talvez o mais engraçado - não, engraçado não, cômico porque tem um tempero de tragédia e disritmia - é saber que você também pensa a mesma coisa.
E mesmo assim, não ouço seus pensamentos. No lugar deles está o vento ocupando o espaço da sua presença - Epa, foi só falar, e vejo você.
E aí - isso sim é engraçado.. não, pera, cômicotrágicocomendooprópriorabo de novo - a física perde totalmente o sentido, porque não sei responder se isso é estar ou faltar.
Mas no ctrl c ctrl v do cérebro - e do coração robótico que insistem - pobres! - que tenho, repito: tá tudo bem, foi como tinha que ser. E foi bonito. Durou pra sempre naqueles instantes, e quando chegar perto de você desaparecer de vez, te vejo antes.

sábado, 21 de março de 2015

eu-termino do futuro

Vejo baianas fazendo oferendas pra Iemanjá
e penso cadê os meus pés no mar?
Penso na dança dos ciganos e nômades
e desejo sair logo desse lugar

Penso em tudo que ainda tenho pra andar
e quão rápido o tempo há de passar
Aposto no futuro esperando que a aposta
dê resultados pra já

Vejo céu e mar balançados
vejo pernas e braços molhados
apertados na rede
se secando pra de novo molhar

vejo diplomas e guardanapos dobrados
na mesa da sala e na mesa do bar
vejo discursos mais apaixonados
e silêncios aprendendo a falar

vejo meios-amores e um amor no meio
e penso quão bom isso pode ser de ruim
o que é que eu tanto faço
pra ser meio amada assim?

vejo caminhos meio traçados
com um milhão de pedaços
a dançarem em volta de mim

espero que tenha mais tempo na vida
espero que a vida tenha mais tempo pra dar
espero que o tempo dilate na felicidade
e deixe a ruindade pra lá

espero que eu pare de esperar
pra que tudo que me espera resolva chegar

Claridade e escuridão

  Meu cuidado com você é luz enquanto você é escuridão pra mim na irresponsabilidade que tens consigo mesma, irresponsabilidade que pode te custar a vida - por si só, preciosa, e fora da minha uma catástrofe para o nosso final, não havendo poesia pra curar a tragédia prática que isso representaria. Ainda assim - ou mesmo por isso - você é claridade pra mim na sua natureza amável e aberta, um convite pra que eu abra as cortinas entre meus músculos cardíacos e os aparatos mal trabalhados da minha expressão: mãos, abdômen, boca - no seu pacote lábios e voz - sobretudo! A vontade de cuidar e de demonstrar esse cuidado.
  Contudo também pesa em mim saber que sem esse meu esforço para demonstrar carinho com mais delicadeza tudo pode ruir, suas intuições elevarem-se a constatações sobre os meus sentimentos em fração de horas. O que trás a leveza para a permanência é, talvez, sua paciência diante da minha falta de tato. É seu olhar de compaixão mútua: por mim, pelo meu esforço que só produz resultados pequenos ou muito lentos; e por si mesma, por continuar esperando por algo que talvez eu não consiga ainda oferecer.
  Esse jogo de luz e sombra ainda recai sobre a minha insistência em esclarecer que está tudo bem, o que vem por vezes me distrair ou confundir de forma que eu não vejo o que se esconde. É em algum momento estar desatenta que pronto, cria no mundo das suas ideias desconfianças sobre meu compromisso contigo - compromisso esse que insistimos em divergir, afinal pra mim existe o compromisso com a relação, seja ela aberta, fechada, íntima ou amigável; e o compromisso com a unidade "nós", o que simbolicamente criamos e jamais deixará de existir.  Questão é, que se de fato houver algo me perturbando, ainda que infinitamente menor que as perspectivas fatídicas que surgem na sua mente, essa coisa pequena vai acabar sendo revelada antes de eu distinguir com clareza o que é, e essa coisa tomará proporções concretas que eu não delineei, tarefa que fica a bel prazer da sua mente intuitiva numa espécie de vidência perigosa. Perigosa porque na essência a tentativa de me ler não costuma ser bem sucedida ou bem recebida por razões astrológicas várias; mas principalmente porque diante de uma afirmação intuitiva sua a minha não-resposta que é tão somente um não-saber se torna uma não-negação e pronto, a afirmação ganha tons de verdade sem que eu possa refutar. E uma vez tida como verdade, eu gastarei energia analisando essa verdade segunda, quando poderia estar, desde o princípio, focada em matar demônios menores que se transformaram, em fração de horas,
  A expectativa nos seus olhos é pra mim então a luz da esperança olhando de longe a fenda escura da distância do nosso emocional.  É portanto o nosso ritual de carinho a mais dual das coisas: luz e sombra, por ser vontade mas, sumariamente, necessário; voluntário porém exigido, verdadeiro porém exaltado para cobrir possíveis dissonâncias.
  No seu gole de cerveja explode o alívio nos olhos alheios (ah, como é cômodo o existir do outro não nos afligir, não é?), bem alheios ao que percebe meu olhar nas sombras que vê a fuga, e já não és mais luz.
  Sobe o seu sorriso até os cantos pela reafirmação da minha presença e o mesmo fio do seu rosto faz cair a alegria quando lembra da minha futura ausência.
  Te engrandece os avanços na nossa relação não tradicional, e te diminui a não completude do esforço emocional que isso carrega.
  E como num encontro de cegos, nos tateamos no escuro e admiramos nossas silhuetas na contra-luz, aproveitando os pedaços uma da outra, nos admirando e nos reconfortando quando nossos vincos se encaixam. E esperando o mistério de quando os olhos se abrirem em novos horizontes.

(Texto iniciado no meio do túnel e finalizado hoje, na saída metafórica, no êxtase do epitáfio, depois do silêncio, do soluço, do respiro e do descanso)