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É preciso estar atento e forte: a má notícia é que as coisas mudam. Calma, a boa notícia é que as coisas mudam.
No meio disso tudo, eu escrevo...

quinta-feira, 28 de junho de 2012

O caso

Não dedico odes à calmaria.
Quero o meu coração pulsante, como se fosse melodia interminável.
A vida, entretanto, não é infindável.
Uma hora, o sopro do ocaso apagará minha chama da alma.
Ficarei vazio.
Olhos opacos.
Mente quieta.
Ao pó retornarei.
Ninguém ouvirá mais os meus passos.


terça-feira, 26 de junho de 2012

Baile eremítico

Ficamos dançando, eu e você. De um lado pro outro; para o bem e para o mal.
Flertam umas com as outras as nossas palavras, nossos textos, na sincronia exata como os guatemalenses em um ritual esperando pelo sangue jorrar.
Dançam os nossos dedos nas costas nuas, ah, só em sonho, só em sonho. E nossos sonhos dançam a nossa esperança. E dançam um foxtrot as dúvidas aflitas, tantas visões ardidas.
Mas toca no salão a balada do amor inabalável, embalando o jogo entre nossos desejos e deletérios; dois lobos se estranhando na clareira circular. Faz-se valer essa ordem torta de ataque-e-defesa, vai ou não vai, chove e deixa escorrer na janela dos olhos. Ficamos assim nós, sem saber cada um o quê, nesse baile eremítico dos nossos brios perdidos nos embaraços e labirintos do desejo. Que arde, e eu sei.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Livrando a voz da minha mente. Ou seria o contrário?

"Se taire
tu m'en as tant dit, plus rien ne m'étonne
Se faire des serments muets, des promesses aphones
Les mots de trop
il faut se taire"

Não se calava aquela voz do peito que quase já não era mais meu.
Repetidamente clamando meu nome, com ar de graça, mas tão verdadeiramente.
Ah, quase uma chacota, eu diria, se não fosse meu amor inacabável para defender a tão desengonçada voz, alegando que ela nada mais - nem de bom, nem de mau - queria além de proclamar meu nome, niilista e só.
Ah, essa tão aturdiante voz fez-se mais baixa por um tempo breve, ali, na Prudente 780.
Nunca tinha conseguido praticar completamente o desapego até então.
Pois bem, o apego desejoso, que envenena a mente e então o coração, era algo do qual não conseguia me livrar por um tempo ínfimo que fosse suficiente para me orgulhar.
Isso porque eu não imaginava aquela voz desejando ser feliz; desejando afastar-se do sofrimento no qual todos estamos mergulhados, mais com o qual ela, em especial, mantinha perigosa relação.
Era-me inconcebível que aquela voz tão melancólica pudesse mudar seu tom, espontanea e objetivamente em direção à felicidade. Não, o dono daqueles lábios pandorísticos de onde irrompia a voz que me corroía  precisava de mim para impedi-lo de sucumbir ao seu psicológico torto e sombrio. Aqueles olhos de incomparável poética brilhariam somente enquanto refletissem a luz do meu espírito, como não?
Há, que utopia absurda! Que pensamento errado, de raízes egoístas e mesquinhas!
E foi ao perceber essa lógica desmedida, esse sentimentalismo vacilante, que eu me livrei das grandes amarras que me prendiam à voz do Gato de Cheshire, pelo menos por enquanto.
A voz é livre para ser feliz ou triste; é capaz de se autodominar, seja no cantar das virtudes e loucuras do mundo ou no seu hobbie de me perturbar.
Diga-se de passagem, as perturbações são todas fruto da minha mente, tendo a voz em si só chegado até mim pela vontade de minha mente de projetá-la em ângulos aflitivos.
Com isso, sei o que preciso sobre a voz que está à um celular de distância:
 dessa voz impregnada nos meus sonhos e vazios existe apenas a lembrança. E por mais viva que eu queira mantê-la, o passado não vive de lembrar de mim.
E como ensinam algumas tribos indígenas, que não permitem que suas vozes sejam gravadas, pois suas vozes são seus espíritos, e seus espíritos devem ser livres, e não enjaulados em máquinas;
pois bem, deixarei o espírito daquela voz livre, ou melhor, assim minha mente o verá: finalmente, como és.

"Nos langues se fatiguent, ménageons les pour"
Dentro do ônibus, recebendo os primeiros raios da manhã, escuto repetidamente, como uma carta à humanidade que acorda ou dorme, vive ou morre:

"Enquanto os homens exercem seus podres poderes, motos e fuscas avançam os sinais vermelhos
e perdem os verdes. Somos uns boçais...

Queria querer gritar setecentas mil vezes como são lindos, como são lindos os burgueses e os japoneses, mas tudo é muito mais...
Será que nunca faremos senão confirmar a incompetência da América católica, que sempre precisará de ridículos tiranos?
Será, será, que será? Que será, que será? Será que esta minha estúpida retórica terá que soar,terá que se ouvir por mais zil anos...

Enquanto os homens exercem seus podres poderes, índios e padres e bichas, negros e mulheres, e adolescentes fazem o carnaval...
Queria querer cantar afinado com eles; silenciar em respeito ao seu transe num êxtase; ser indecente,
mas tudo é muito mau...

Ou então cada paisano e cada capataz, com sua burrice fará jorrar sangue demais nos pantanais, nas cidades, caatingas e nos Gerais...
Será que apenas os hermetismos pascoais, e os tons, os mil tons e seus sons e seus dons geniais nos salvam, nos salvarão dessas trevas e nada mais...

Enquanto os homens exercem seus podres poderes, morrer e matar de fome, de raiva e de sede são tantas vezes gestos naturais...
Eu quero aproximar o meu cantar vagabundo daqueles que velam pela alegria do mundo...
Indo e mais fundo, tins e bens e tais..."


E aí me espanto com minha capacidade de seguir com o dia depois desse ritual.

I heard my name, did you call me ?
Did you speak truth, when you dug wounds,
When you spilled blood, did you say love ?,
When you promised the most high,
You will not betray

Do you love me now?
Yes, it's heavy on my heart to communicate,
Absentminded on the earth devoted to sin,
Not knowing i'm dead,
Your phrases are highly majestic,
I am amazed by your great linguistics,
Yet your words are placed together
To sell dubious manifestoes,
The end is devastating, barrage of lies,
Your words are sweet enticing but false grandeur,
Still i go, i go to the foutain where waters flow,
Where the truth uprises there i will grow now

Do you love me?Do you love me?Do you love me?Do you love me?
I will grow
I know i have never been found,
It is dark for we are all blind,
In solitude we know god
In public we do not act god,
Is it destiny is it mean to be,

Do you love me now,
Now that everything has been said and done,
Do you love me, now that i function in your madness,
Do you love me now, for your love is so cold,
Oh sodom and gomorrah caution
Do you love me, now that i am no longer me