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É preciso estar atento e forte: a má notícia é que as coisas mudam. Calma, a boa notícia é que as coisas mudam.
No meio disso tudo, eu escrevo...

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Paco

All the disney folks are running and dancing and laughing in the forest in the wall
That's how you know you're espectaculary and awkwardly fine.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

A casa aberta

Eu quero ter uma casa acolhedora. Dessas que as pessoas podem entrar com pouca licença quando precisarem, pra sorrir ou pra chorar, pra aquietar a alma ou sentí-la vibrar mais forte, com mais cor.
  Vai ter então uma sala com chão de madeira, pra que quando você pise, aceite suas dúvidas e aflições como algo natural. Vou escolher uma cortina azul-claro, que é pra dar esperança, com uma vista prum jardim bem verde, com algumas poucas coisas plantadas, como rabanetes. Vai ter um divã pequeno, macio e colorido bem embaixo da janela da cortina, pra você poder se sentar sem se sentir sozinho; pra você se sentir inteiro.
  A cozinha vai ser projetada pra que entre luz indireta em cima da bancada e da mesa, e haverá pequenas decorações e ladrilhos coloridos, como se você estivesse na casa da sua avó, com aquele cheiro de biscoito feito pra criança se sentir criança e adulto se dar ao luxo de se cobrar menos. Se tiver mais pessoas por lá, você pode cair numa conversa boa, rir enquanto o sol abaixa no céu e some da vista da porta do jardim, se precisar você pode até fazer que riam de mim. E vai ter sempre café, que é pra preencher o espaço do que faltar, afinal é isso mesmo: things usually gets better with some coffee and some love... E se quiser se deitar, esquecer do mundo, ou então sonhar acordado, vai ter quarto, ali no segundo andar, com lençóis claros e cobertores felpudos, "daqueles de hotel", como todo mundo gosta de dizer e poder aproveitar.
  No banheiro, pode deixar que eu fiz umas economias pra colocar uma banheira, não é chique, mas é do tamanho e jeito pra relaxar, com direito a janela fosca pro sol e pro vento entrar. E tem espelho, isso tem mesmo, não adianta nem querer ignorar, porque por maior que seja a paz de mergulhar-se em um retiro, a realidade tá sempre aí, pra gente olhar; e isso faz parte, é onde as coisas escontram sentido de ser, sem muito sentido aparente, entende? É a realidade que nós percebemos - existente ou não, completa ou fragmentada, desvirtuada ou em bom tom- que cria as experiências e oportunidades, que constrói a renda da vida e, portanto, do que não-acontece - nossos pensamentos, desejos, dúvidas, sonhos, inventividades e opiniões - em paralelo: é ela o plano onde pode a coisa se dar, aparecer e continuar, de um dia morrer ou renascer; é ela que costura, com essa fina e forte agulha do presente, o passado e o futuro, e faz dos seus deletérios a emenda consciente.
  Pois bem, nessa casa vai entrar e sair gente num cômodo ou em outro sem ter que dar satisfação, sem ter que se explicar ou preocupar com tirar o abajour ou o móvel do lugar. Não vai ter regra nem condição, só use-a como se fosse sua para o que lhe servir de bom. Eu não vou me incomodar não, pode deixar, que pra mim também é um aprendizado enorme, esse livre deixar. Pode sentir-se à vontade para provocar ou cessar emoção. Essa casa vai ser a cópia do meu coração.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Que rolem os olhos dos santos...

Com a saúde meio capenga - mas de nível comparativamente irrisório para que eu possa ter a arrogância de reclamar -, adoro quando me prescrevem remédios cuja receita "não é olho de santo". Sabe, desses que você toma umas x ou y vezes, preferivelmente durante o dia, mas se for de madrugada, não tem problema, e se pulou um dia, compensa no outro e sua mãe diz, da mesma forma que sua avó dizia: "tudo bem, não é olho de santo".
  Isso de regra demais é complicado pra minha mente libertária, pro meu espírito sem muitas amarras. Falta-me disciplina pra tomar remédio na hora certinha, pra comer e dormir na hora saudável, amar quando é apropriado. Não cabe em mim  responder honestamente ao que penso somente quando é confortável para os egoístas e para os de barreiras sensíveis. Não conseguirei estar sempre disponível, nem posso - como é da natureza dos seres que evoluem - estar sempre certa. Não me é natural obedecer militarmente à positividade, tem que saber por o pé no chão às (muitas) vezes; mas também não vou me render quando a tv ou as pessoas na sala de jantar doutrinarem contrariamente aos meus sonhos.
  É que eu não sou olho de santo. E a vida também não é, rapaz: não tem regra, coisa certa, não tem fórmula pronta. Ainda bem! E o mundo tá nessa contramão absurda, de querer impor regras pra tudo, calorias por dia, etiquetagem, tempo pra diversão, limite pro que vem de dentro e quer sair, moralidade engessante... E mundo de bula, isso não é mundo pra se viver não!
  Meu coração é libertino; eu não sou olho de santo. E convenhamos, que santo se fosse santo mesmo, prezava é pela liberdade de poder ser sem restrições. Seria benevolente, esse tal santo, se permitisse ou criasse as condições para exaltarmos nossas capacidades e atributos e incapacidades, que são fugazes e diferente disso não conseguem prosseguir com sua existência indefinida. Santidade se veria se pudéssemos agir em concordância com nossa natureza própria; viver cada um do jeito que caber ao seu espírito que é único, e que portanto nao admite ser engessado pela moralidade e pela tradição.
   Fica, então, declarado: rasguem a bula; furem os olhos desses santos que não existem!

Pílula de ode ao órgão pulsante

É muito amor, é muito amor queimando aqui.. E isso não é lamentação, não; bem pelo contrário, é uma tranquilidade, um oásis puro dentro do redemoinhar que é amar. Saber que não importa quantas vezes você já teve decepções corroendo os cantos do coração, você ainda é capaz de aceitar novos hóspedes - inclusive, talvez tão remendados quanto você, e que por isso, entendem, e cuidam com mais sabedoria dessa casa que os acolheu.
 Então, é muito amor, não por ser demasiado; intenso em desmedida, mas por se mostrar até então inesgotável - se esgotará um dia, esse dia ainda não chegou - diante das maldades do mundo e do descuido das pessoas. Nesse coração ainda corre sangue novo, maduro na sua primitividade de estar acima das destruições egoístas, dos racionalismos capitalizados, das delusões da mente humana desacostumada a parar para concentrar-se em si e desenvolver-se diante do mundo que se mostra aí, desafiando-nos.
  Então é um orgulho quente, esse: o extraordinário órgão pulsando sem secar com as amarguras da vida. Às vezes, bem sei eu e bem sabe você também, se concentra num só; por outras, é difuso, mas de uma forma ou de outra, esse amor maior está aqui, monumental na sua humildade e honestidade. Esse fenômeno insólito que transcende às barreiras do tempo, da dor, das decepções, daquilo que foi banal ou rápido demais. É, o tempo traz a aceitação, e juntos eles formam um belíssimo casal. Que às vezes se separam, como é normal. Mas verdade seja dita, que nem esses nem ninguém devem andar sempre sozinhos, afinal.