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É preciso estar atento e forte: a má notícia é que as coisas mudam. Calma, a boa notícia é que as coisas mudam.
No meio disso tudo, eu escrevo...

sábado, 27 de julho de 2013

Contemplação - de altas!

Fiquei reparando no tanto de melosidades que tem por aqui nos últimos posts.
Engraçado, porque até o dado momento não é isso que tem imperado na minha vida.
Tem imperado a ação, a dúvida, o caos, a mudança, a esperança, o desgaste - todas as forças indomináveis da revolução. O amor inclusive, mas não nessa forma melancólica nem em nenhuma forma por demais intensa - o amor andou leve, andou se acertando, andou parando e acalmando seus processos.

É, o que tem dominado os meus dias, me engolido por inteira, revirado minha cabeça e cansado meus pés, é a tal revolução. E dela nada escrevi.
E se assim foi, acredito que é porque há tanto, tanto tanto a se dizer sobre, que não cabem ainda em palavras. Não conseguiria continuar uma frase bem elaborada sequer sobre o assunto, porque dependeria de adjetivá-lo, e isso ainda não consigo fazer com propriedade, com a devida destreza, com suficiente astúcia pra honrar o que foi e tem sido esses movimentos no país e nas cidades.


Não vou falar, portanto, da revolução. O silêncio que fica nos próximos espaços é do olhar atento - chocado mas esperançoso; da boca silente que prefere dar espaço pros novos acontecimentos antes de rasgar no tempo essa oportunidade com comentários; do corpo bombardeado de energias mil, pelo vão do novo futuro que se abre - e que ainda não está pronto. O silêncio que fica é a moldura para um quadro ainda em construção.

Deixa estar

O que fazes aí parado, admirando o que já não é seu?
O que fazes você sozinho, sem saber se segue ou abandona o caminho?
O que fazes aí deitado, imaginando se ela vive ou já morreu?

O que fazes aí num canto, rezando pra tudo quanto é santo?
O que fazes aí, em pranto?

O que fazes você se desperdiçando de bar em bar, sem um lar pro qual voltar?
O que fazes você doente, sem pernas pra que te esquente?
O que tens pra reclamar, se sabes que és um moribundo que mente?
Que diz estar bem, melhor só que com atrapalhado alguém, quem acreditas enganar?

O que fazes você tão triste, que direito tens?
É o destino que escolheu, foi a sua sentença pessoal
Não houve sim nem não, não houve discussão,
Só sua solitária palavra final.

E agora vai dizer que queria diferente, que esperava vir melhor gente
pra aturar seu amor com lamúrios intermitentes?
Ah, faz o favor! Saia da frente!
É triste ver projeto tão incompetente!
É bem verdade, minhas rimas são porcas,
são só desculpa pra rogar minha praga.
É bem verdade, nossas linhas são tortas,
pra combinar com nossa carne fraca.
É bem verdade, meu bem,
também não encontrei - ainda - ninguém
Então, o que fazemos nós dois assim,
você pra você e eu pra mim,
se nos sabemos criaturas errantes, voláteis amantes?
Quão céticos fomos,
merecedores de um pouco mais de sorte?
Quão impacientes fomos,
pra não ver brotar as flores no norte,
de não esperar brotar a semente,
de não dar tempo pro tempo se acostumar com a gente.

Ah amor, e agora como fica
o que ficou
debaixo do tapete, varrido

Como fazemos pra matar a sede
do muito de nós que podia ter sido
se nossos muitos nós não tivessem nos impedido?

Abra um vinho pra nós, meu bem
vamos papear sobre a nossa história
desembuchar, sem cordialidades, a memória

sem lamentos ou pretensões
gargalhar das nossas imperfeições
da nossa falta de destreza
vamos nos embriagar debaixo da mesa

e lá suspirar sem fôlego, sem ar
e sairmos de acordo
que isso tudo veio pra ficar;
que o que foi, sempre será
de novo do jeito que já foi um dia
E se o álcool me fez citar Lulu Santos,
mas que coisa mais chinfrim!
- você vai rir e zombar de mim,
como fazem os bons amigos.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

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Eu sinto falta do meu melhor amigo.
E aqui não é o lugar pra falar isso, eu acho.
Mas acontece que não há mais lugar.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

No silêncio da noite

Quão individuais somos? Quão só nós ainda existe?
Nessa emaranhar de ideias, desejos e contatos acreditamos estarmos juntos.
Nesse turbilhão de reuniões e protestos e ocupações e comissões e funções, acreditarmos fazer parte de alguma unidade.
Qualoquê: voltamos sós. Carentes de um conjunto que quiçá nem existiu, será?
Caminhamos como álcoolicos anônimos retornando pra casa sem saber de fato o que foi aquilo e o que será depois, se agarrando na esperança da promessa.
Então, me responde: onde acabam nossas pontes?
Onde não fazemos parte de nenhum todo, de nenhuma grande movimentação comum ou mesmo simples laços de afeição?
Dissolvemos uns dos outros qual como a nuvem  negra soprada rápida do cigarro.
E quando tudo já parece finito, algo permanece diluído.
O que é, não sei. Ouso chutar que é a cara pálida da esperança nos encarando - e perguntando: até quando?

quanta....quanto...canto. pra além do meu desencanto.