Achar nesse blog ou em links próximos:

.

É preciso estar atento e forte: a má notícia é que as coisas mudam. Calma, a boa notícia é que as coisas mudam.
No meio disso tudo, eu escrevo...

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Sem título que dê pra dar.

Essas tais variações de cor
Deixei um tom de azul iluminando o banheiro
Parecendo quando o dia começa a pratear, mas parecendo também a noite que não quer acabar
Ficou um clima francês inteiro
Velas na bancada, meu eu de hoje se mostrando no espelho
nessa meia luz que me consola e renova
resolvi lavar os pés (como se eu fosse dormir)
Lembrei de quando você estava aqui e lavava meus pés
Foi bom durante durou
Passou
Agora parece que nada passa mais...
Só as cinzas de cigarro pelo ralo

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Como um não

Isso de não poder dizer me corrói cada vez mais um pouquinho
Fica um buraquinho, buraco espaço vago
Que aperta.
Engraçado como o vazio aperta
Isso de não poder dizer vou dormir com você, volta aqui, deixa eu entrar
Isso de não ter liberdade pra fazer
Quero fumar, quero morrrrder, quero cortar!
Isso de não poder acaba [acabar. acaba?]
Acaba com a parte de mim que quer existir
Engraçado como o que não existe reclama
Dar um laço no espaço
Que saco, por que não?
Abra, abra meu coração!
Cansei dele ser só peão

"Há pior que a morte:
há o não viver"
Dizem as letras fortes na pilastra
parada
Um espirro, nesse ponto, parece um a-tentado

Me morro um pouco nesse não ser

Me perder nesses cachos
Cabeça pra baixo
O acaso
é torto
ou morto?

Tempo é quando

20 21
22
23
24
25
26 27?
E já estou velha.
Faca cega.

Caetanar à trois

Dois pés cançados e esperançosos descansam na ponta da rede
A ponta dos sapatos apontam do outro lado
Quatro pés descansados um no outro
Ali o mundo parece em paz
Assim, ainda, os quatro pés levantam-se
Caminham em diferente ritmo, mas sincronizados como uma dança bonita como tango
E abordam - não, aqueles não abordam, mas se apresentam suavemente aos outros mundos, leves e abertos
Enfim, se aproximam dos dois pés curiosos
- Escutando o quê?
- London, london...
Entrego a música àqueles felizes ouvidos
Atentos, eles adentram
um pedacinho azul rosa-chá do meu mundo
Fazemos caber na rede
Seis pés, três corações
Afinal, realizam métrica bem construída
Mexe qualquer coisa dentro doida
Então não se avexe não,
Baião à trois, ah! Ah...
Medimos distâncias de lábios e braços
Abraço, abraçasso
Beijo calmo
O mundo expande ao nosso redor
Estamos em paz em três agora e só
Não exige explicações
São só harmonias possíveis bonitas sem juízo final
Mas se cabem observações,
É como surgindo sol na noite
Explodindo em canto, um folk um tanto romântico
É, se cabe de parar pra observar,
Ocorreu de minhas cores desbotadas repintar
azul celeste, celestial
Como pintado na bochecha dela
Que o faz sorrir
O simples colorir
Nos colorimos
Juntos rimos,
sem saber bem porquê
Talvez pela nova experiência de ser.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Caetanagens

Feixes de luzes alaranjadas amarelas vivas
correm na beirada da pequena xícara turca
Mais um cigarro
Mais um trago, mais um suspiro, respiro...
Às vezes não sinto a diferença entre um e outro
Deixa o pagode romântico soar...
Em badaladas de amor nosso tempo se vai
Corroemos os cantos que ainda sobram, aflitos e desesperados
por esse fim mal anunciado, retórica dos namorados...
Que seja, que seja, que fosse, se fosse...
Ah, vá, que venha o que tem que vir
Mas que demore, que embole mais um tempo
que enrole, ah, que rebole o tempo.
Morreremos aos poucos assim
Enrolando nossas pernas
fotografando na retina desses olhos lindos
nossos pelos brasis
Deixa esse ponto brilhar no atlântico sul
Coração azul
Forte e cortante
Ficou instituído
Estamos parados nesse instante de nunca parar
Nada virá
Será...
Ninguém pode ser tão feliz?
Recântico infeliz
Aprendiz do amor, a gente cambalea
Traz o amor, o futuro fica lá fora
Macabéa na sua vida, minha estrela não tem hora
Aprendizes da dor, inventamos palavras
Para o que não é traduzível nem em uirros
Talvez em uirros... Mas não os ouviremos
beijos loucos gritos roucos só o Chico
Aqui são outros. Loucos. Mudos. Roucos...
Por aqui, a cabeça aí, longe
Traz pra perto seu desassosego, vai
Cai nas teias do natural, do que é palavra feia e forte, visceral
Carreguemos praquele carro nossas bagagens
Caetanagens
Pequenas grandes sacanagens
Nas quais nos embrenharemos,
embrenhando no emaranhado desses seus cabelos
penteando os fios intermináveis do que vivemos
Oremos
Que o tempo, tempo, tempo se recolha, em vão
Deixe respirar esse novo velho amor pagão
Deixe respirar, mas não em tragos de cigarros,
suspiros meio muito estranhamente respirados
Que respiremos perto
transformando esse nosso inverno
essa hibernação desinvernar
Desenvenenármos eu nosso próprio veneno
Veneno da cobra verde, olhos verdes,
ciganos seremos, serenos, será?
Desembaralhemos esse castelo de cartas iguais
que mais prende do que protege, 
Que construímos num invisível; invencível cais
Nosso, comum, não visitado
Que isso não seja um fado
Um fardo, não
Que você possa me dar a mão
E carreguemo-nos, com a mão livre, leves no coração.
Como a fumaça desse cigarro, mais um, mais tantos
Mais uma nova velha canção
no meu peito de  insensatos incendiantes incessantes prantos
Queimemos em febre nossos caetanos

[e não ponho ponto final,
porque nesse ponto afinal
quero ter minhas coxas apertadas nas suas
costas nuas
loucuras cruas
bocas sujas
das palavras que nunca dizemos
e agora verbo-reageremos
Caetanices sandices meninces
maturidades e pessoalidades
compartilharemos fases
físicas críticas místicas com carícias em leque
Xeque:
Diremos. Atestaremos.
E um dia enfim, seremos.]