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É preciso estar atento e forte: a má notícia é que as coisas mudam. Calma, a boa notícia é que as coisas mudam.
No meio disso tudo, eu escrevo...

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Ressaca. Duas descargas. O problema é a maré. Sempre culpamos a natureza por nossas incapacidades.

Você que se vê tão livre, amarra o que há de mais puro num manual pesado da não-relação (meio, irônico, ein?): até sábado eu não existo, nós somos uma história que você viu acontecer na rua ou em um filme que você não escolheu ver. São 6 dias, depois uma semana, depois vai saber. Eu entendi. Você não.

Você não me escolheu inteira. Eu não escolhi o seu café pequeno.
Sua transbordante cafeína que pinga no que você insiste em considerar um pires; é, eu sinto o calor e o cheiro de conforto, mas espirra amargo em mim.

Prédio.
Prédio prédio prédio versus coração, olhos e mãos; sexo.
Sempre culpamos a natureza por nossas incapacidades. A natureza se tornou o clichê menos praticado.
Prédio. Não cai assim, do dia pro outro. Mas seus significados sim, podem mudar. Você entende dos rituais, preciso explicar? Não, não foi aberto o espaço para explicações nesse manual.
E nós tivemos a porra dos 6 dias, da tal semana. Tivemos tempo.
Você não quis. Mas o fazedor de vídeos não sabe falar isso em voz alta pro público.
Vou facilitar sua escalada e deixar você na sua torre. Se cuida entre as cores.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

"De um lado você é exatamente o que eu queria, de outro você é totalmente impossível."

"De um lado você é exatamente o que eu queria, de outro você é totalmente impossível."
Assinado: mundo.
Ok, evitar os exageros.
Até mesmo pra perceber o não-exagero que pode existir em "exatamente" vindo de você. Parece sério.
É que estou acostumada com a ideia de ser impossível, no que há de bom e ruim para as pessoas. Isso não me assusta, isso não me faz recuar.
Mas por alguma razão me peguei sofrendo por um como não sofria desde a facada-de-cores-trago-amargo-fada-verde-dissolvendo-em-vitamina-C-dos-olhos-de-capitu, e isso me assusta.
Me assusta mais saber que estou disposta a continuar nesse trem, mas um susto positivo (e olha que não sou disso!), por estar me permitindo enfim.
Na outra caixa de texto, essa bem debaixo do nariz, embaixo na janela virtual, na janela dos olhos, a mesma perda. A mesma distância que não propus - e que meu poder em reverter era limitado justamente pelo meu dom de tornar natural tudo o que sai de cada um, ainda que a contragosto.
A mesma paixão arrebatadora da identificação, do poder explosivo mas destrutivo de dois que se querem profundamente, e profundamente se abalam pelo desejo de uma - é, eu, eu eu eu - de querer mais, sempre mais.
Dizem que é melhor ter dois pássaros na mão do que dois voando. Mas detesto simplismos, preto no branco. Os pássaros não são dois, eles não sabem só voar a esmo.
Esmo é o oposto de esmiuçar os detalhes, e isso não quer dizer pirar no desnecessário, nem procurar pelo erro, mas reconhecer os consensos e os dissensos que nos fazem diferentes - como é natural de ser - mas que nos fazem reais e juntos na experiência de viver das maneiras mais bonitas, ou mais justas, ou simplesmente mais confortáveis para seguir esse trilho que todos sabemos, não é fácil nem possível de seguir sozinho.
Mas, de novo, não existem só dois pássaros sobrevoando o trilho. E ainda bem. A dor vem de reconhecer isso num mundo que insiste em criar pop sertanejo sobre o apego, e não sobre o amor. A pena é uma geração de instantâneos que não mergulham nem se deixam sentir a água bater nos corpos. O brilho do que reflete nessa água só é percebida pelos que tem a sensibilidade e a força. A sensibilidade para perceber ao seu entorno, ver (e não somente olhar de relance) os outros (plural, plural!) e a força para saber ser coletivo de peito aberto em um bombardeio de individualismos que se fecham. E se fecham as portas para o que há de mais puro, que de um lado é exatamente o que eu queria, e de outro, totalmente impossível.
Agora - e por muito tempo, talvez? - é decidir: seguir o impossível absorvendo toda essa energia que pulsa do caminho, ou sucumbir à normalidade da mediocridade? Não, não, sucumbir jamais. Me parece mais razoável - pra não admitir ser o único caminho que compreendo - saber o que quer, ainda que não seja alcançável - a alternativa não me satisfaz, o intermediário me é estranho. Não abrirei mão, ainda que partes de mim derretam nas janelas vendo os pássaros escaparem à mão. Encarar o inevitável. A escolha mais honesta. É nessa força que me sustento, na corda da sensibilidade.