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É preciso estar atento e forte: a má notícia é que as coisas mudam. Calma, a boa notícia é que as coisas mudam.
No meio disso tudo, eu escrevo...

sexta-feira, 24 de novembro de 2017

Desconversa

- Ei, você! :D
- Ó, e aí!  Que coisa louca esbarrar com você. É meio desconcertante pra mim, mas ainda assim, sua presença passa algo bom, ainda. Bom?
- Tudo jóia, tirando a falta de você o calor, né?
-
Nem fala, tá sem noção mesmo Você deve ficar andando de calcinha pela casa o dia inteiro... Lembro que às vezes eu chegava à tarde na sua casa e você tava lá, desfilando com esse corpo todo seu, fazendo um discurso inteiro contra o calor como se adiantasse de alguma coisa ou como se não fosse óbvio que eu estava focado em outra coisa já. E aí, tá gostando do curso novo?
- Ah, tá no inicinho né, mas tô botando fé. Na verdade eu não sei se é bem o que eu quero, mas já tô com 22, tá na hora de parar em alguma coisa e focar. Mas sei lá, isso só aumenta a pressão, né...
Mas e você? Tá dando sorte com o projeto novo? Fiquei sabendo por um amigo meu, achei massa...Mas isso de saber pelos outros é uma merda né, o bom mesmo seria se eu tivesse presente na sua vida...  Como tão as coisas?
- Ah, tudo tranquilo. Na verdade o trabalho anda meio cansativo, mas tá numa fase importante, depois começam a vir os resultados, aí vai ser bacana. Pena que você não tá sabendo do projeto, ia curtir. Pra falar a verdade, a coisa tá meio punk é em casa, aquela treta com a família que eu te contei uma vez tá só piorando, sabe?  Encontrei aquela sua amiga num barzinho lá do meu bairro, aí pensei que de repente você podia frequentar lá também, lá é bem seu estilo, de repente a gente dava a sorte de se encontrar e eu podia te contar um pouco melhor das coisas... ela é sangue.
- Ah, boto fé, ela comentou mesmo que bateu um papo com você lá. Me disse que você tava com uma mulher, mas que não sabia se era coisa séria, parecia que não. De repente você achou alguém que entende seu jeito, que seja boa companhia pros seus devaneios. Só espero que você não esteja buscando refúgio em quem não dá conta de você, que te conheça menos que eu. Seria um desperdício de tempo, um desperdício de nós dois... Mas então, bom te ver. Tô indo, antes que fique óbvia a falta que você tá fazendo que eu tô atrasada.
-
Demorou, a gente se vê. Eu te ligo, ou de repente dou outro jeito, sei lá, mas tem que ter uma forma de apaziguar essa saudade fudida, desse jeito não dá mais pra ficar...

A distância não vem como acidente

Temo chegar o tempo em que a distância de nossas vidas seja irreparável. não a distância medida em quilômetros, pois essas se provaram ineficazes com o que se mantém entre nós mesmo nos separando em estados e até mesmo em continentes diferentes. Falo sobre a distância das nossas experiências, da disparidade dos caminhos que temo serem suficientes para espaçar nossa inteligência emocional das coisas (aquela que talvez nos una em um relacionamento) e atestar que se passou muito, muito tempo do nosso tempo.

domingo, 21 de maio de 2017

Humming message and possible birds species

Listen to your apartment's hall
Can you hear me coming?
Can you hear you listening
to the imaginary steps
You hear the elevator's going up?
And I'll ask you
Is that me?
Can you hear you wonder
Is that me?
Can you hear this humming?
There are many birds out there
Thiere's a blue bird in my heart, Bukowski said
How would we like to ask him to go fuck himself
But we can't, can we?
Can you?
Can you hear this humming message
Can you listening to this humming?

sábado, 8 de abril de 2017

Lamento do Marginal Bem Sucedido - O grande amor e tudo que vem depois.

Valorizem seu primeiro amor.
Especialmente se você for o primeiro amor também. O coração das pessoas é coisa frágil. E o amor tem dessas coisas né, faz parecer forte...Às vezes faz ser forte. Mas as tripas cardíacas se contorcem todas, viram açúcar diante de quem se ama... Não as desgaste de todo, contudo. Elas vão precisar trabalhar muito ainda. Duvida? Então deixa eu te contar uma história.
Ou uma parte dela. A parte toda levaria meses... da minha parte. Da outra parte, quem sabe? Da nossa, talvez uma vida... Que não levamos. Na verdade eu vou contar a história depois da história... A história das histórias, partindo do fim - não do amor, mas da promessa de entrega entre dois primeiros amores.
Eu tive meu primeiro grande amor aos 16 anos. As pessoas me diziam "que bobagem!", "Isso vai passar!", "Você ainda vai encontrar muita gente e vai descobrir o que é amar de verdade". Estavam certos sobre a última coisa: eu conheci muita gente depois do meu primeiro amor. E de fato, descobri o que era amar de verdade...Com 16 anos. Com os anos se passando e a nossa história conturbada se desenhando torta, mas firme (de uma forma meio elástica, vamos pôr assim); depois torta e diluindo-se; e hoje diluída e forte. E torta. E bonita. E triste. E tudo que as boas histórias de amor merecem. Eu conheci muita gente depois, durante ou ainda - como quiser para seguir com esse texto sem entrar num vórtex de gatilhos pessoais - essa história de amor.
Acho que o detalhe mais relevante pra se entender o que quero dizer, é conseguir digerir no âmago quando digo "história". Não vou vender o truque, mas adianto algumas dicas: história faz parte do passado. E do presente. Na faculdade a gente aprende um bocado importante sobre memória, identidade e projeto; passado presente e futuro. Isso tem tudo a ver.
Falo da história de um grande amor, e não de um relacionamento vivido; propriamente, no dia-a-dia, no suor, no contar cronológico e constante do desesperador senhor-de-todas-as-coisas, o tempo.
Bom, vamos voltar ao foco de porquê valorizar esse amor - por mais inteiro ou despedaçado que ele esteja. E ele é dinâmico, tá? Pode mudar em alguns meses, em alguns dias, amanhã ou no fim desse texto. Na verdade tenho percebido que quanto maior a distância(temporal, espacial, emocional o que seja!) mais volátil ele fica. Afinal, como a academia me ensinou bem (algumas boas coisas tinha que ensinar, não é mesmo?), a memória é uma ilha de edição... o que guardamos ou não, valorizamos ou repudiamos; voluntária ou involuntariamente do nosso passado constrói o presente; e esse processo é a base para se projetar um futuro, um plano, um ideal... Estão me acompanhando? É difícil, eu sei. Mas quem já amou sabe do que estou falando, se parar um pouquinho só pra pensar a respeito.
E quanto mais dimensões de distância, mais "se's" aparecem. Ahh o "se", o maior monstro já criado pelo tão valorizado atributo de pensar, assimilar, criticar; enfim, editar nosso software mental-emocional (só o budismo me salva!). E eis a questão de tudo: o "se" não existe. Ele é enorme, pesado, louco, incontrolável...e inexistente como coisa palpável. Ele é como o maldito "narrado exodiegético" do cinema: está em tudo que diz respeito ao tema, e em nada ao mesmo tempo; é o próprio produto invisível; as várias possibilidades cujas escolhas constroem o filme. Opa, a história! Viu como bate? A história dos grandes amores são cheias de se's... E esse instrumento inexistente tem como maior opositor o que de fato transcorre-se: os vários não-se's. Vou voltar a facilitar, que o assunto já não é coisa fácil de ler nem escrever nem sentir: recapitulando - Valorize o seu primeiro amor. Porque dele brotam todos os outros...
É o fim - não do amor, reitero quantas vezes for necessário!Ele não acaba nunca até onde eu pude experimentar; mas o fim enfim da tal promessa que os que amam fazem enquanto há esforços para alimentarem esse amor -; pois bem, esse fim é o mapa natal do que serão suas próximas relações. E mesmo que elas não sejam ainda -ou nunca venham a ser, qual o problema? - amor, elas são profundamente, violentamente, sabiamente, dolorosamente impactadas pela sua primeira experiência com o amor.
E não adianta comparar o que vier depois: é injusto e infrutífero. Nada será como aquilo. O que não quer dizer que não serão bons, ou igualmente importante na sua vida os demais acontecimentos - ainda bem! Mas existem coisas que ouso chutar que só o primeiro amor te ensina, e elas vão incorporar-se à quem você é - você, essa coisa também absolutamente dinâmica, terá uma constante dinâmica (louco isso, né?) que é o infinito impacto do amor em tudo que você se propõe a se envolver verdadeiramente.
Parece catastrófico, mas na verdade é construtivo, sabe? Com o passar do tempo você -bom, pelo menos eu, e creio não estar sozinha nessa como não estamos em quase nada - vai percebendo que o "se" é uma bobagem, que tudo é exatamente como tem que ser. Às vezes é pra reencontrar aquele primeiro amor em um outro momento, em outra construção, outro estado... Às vezes ele já cumpriu sua parte na sua jornada e te entregou - mais ou menos preparado - para outros braços; abraços, línguas, corpos suor pensamento fluxos, enfim, pessoas outras. Se cabe uma observação de página necessária aqui mesmo, reflexo do raciocínio: não renegue o primeiro amor dos outros. Ele vai dizer muito sobre essa pessoa, ele é MUITO importante pra essa outra pessoa, pra quem ela é hoje, pro que ela quer ser, o que ela quer construir, o que ela dá conta de construir no momento...
O amor faz crescer, sempre. Isso não quer dizer que ele te faz bem sempre, muito menos que você vai evoluir para um estado melhor. Mas mais experiente, sim - afinal, é uma baita experiência, não é? O amor faz crescer - aí vem a coisa mais doida, a serpente-que-morde-o-próprio-rabo desse tema inesgotável e inexplicável em exatidão e completude que é o amor: o amor faz florescer mais amor. É, aquele clichê mesmo! É real! Quem diria! Patentear essa pólvora é tolice, então sigamos:.
"Mas Ninha, eu tive um amor tão forte, tão único, tão arrebatador que acho que depois dele não amarei da mesma forma de novo!". É, tem razão. Não vai mesmo. Mas vai amar de formas arrebatadoramente incríveis. Vai, no mínimo, se apaixonar e lidar com essas paixões de forma diferente. É outra fase de experiências... E eu, pelo pouco muito que sei, pelas boas paixões, marcantes paixões, inúmeras paixões que tive desde o meu grande primeiro amor, tenho essa tranquilidade: a dor, vazio ou seja qual for o sentimento que abate em cada um de não continuar uma relação com seu grande ó descoberto primeiro amor não passa despercebida pelo mistério do universo. Tem uma contrapartida que faz girar a roda da vida, a nossa engrenagem interior que é se não tão potente, no mínimo muito e suficientemente funcional: a possibilidade de amar de novo. De se apaixonar de novo. De conhecer outros seres humanos (tô partindo desse princípio, ok) em profundidade, intensidade, com energia renovada ou, pelo menos, resgatada. Bem possível que a primeira fagulha desse motor foi com seu primeiro grande amor? Sim. Talvez com sua mãe.Freud tenta explicar. O que importa (aliás, vai saber o que importa! mas fica a intenção), no final das contas e desse enorme texto, é o alívio do que já se passou e um motivo pra continuar.
Valorizem seu primeiro amor! Mas não pare nele. Não parem de amar por conta dele...Há tanto amor ainda! Há tanto amor ainda... Há tanto amor!Há tanto amor pra viver...

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Epitáfio antecipado ou manual de como me homenagear na partida

Se eu morrer, quero continuar viva como quem não sabem o paradeiro, sem pagar pelos direitos autorais do mistério, mas tão qual Belchior.
Aliás, toquem Belchior pra se despedirem de mim!
Antes eu dizia que não queria lágrimas, só amigos no buteco reunidos contando casos, rindo o máximo que puderem, soltando suas impressões entre goles e cigarros, sem me santificar ou demonizar, mas sinceros no que sabiam e viveram de mim. Sempre fui de preferir a honestidade, né, até a mais amarga é bonita só por ser verdadeira. Tenho um problema com o que é falso, mas isso é afirmação muito simplista. Abro exceções poéticas, por exemplo: quando eu me for, vou pra Bahia, pra algum canto remoto de países africanos, peguei um barco com vista pra Grécia... Inventem histórias. Que fui astróloga e numeróloga profissional (quem sabe serei), atendendo todo tipo de gente num quintal de portas abertas. Que fui salvar pessoas, ou perturbar quem matam outras, seja com revólveres ou leis. Que resolvi ser atriz de mim mesma e fui viver nômade novos personagens. Que entrei pro circo. Que fui viver das coisas que a natureza dá, fazendo e vendendo incensos místicos. Que sejam várias versões, o importante é serem boas ou ridículas de dar risada. Só não me deixem partir medíocre.
E tomara que eu não me deixe fazer o mesmo.
Hoje eu mudo o pedido: que tenham sim lágrimas, por favor, se eu tiver o mérito de conquistá-las. Um bom silêncio basta. Deixem que ele seja preenchido pela memória do meu incessante prazer de falar. Nesse dia, eu vou estar, acima de tudo, escutando. Nesse dia espero que chova. Em um 2 de Novembro escutei num terreiro que chove no dia dos finados pra lavar as almas. Achei bonito. A data do meu aniversário é rodeada de significados que me exprimem bem. Que a data da minha morte tenha sua dose de significado também.
E pros mais sentimentais, que fique nas mentiras de vocês um alento pra saudade verdadeira, de que eu só fui por aí e volto já. Quem sabe eu volto. Quem sabe eu nunca mais vou embora... Se eu puder, eu vou partir várias vezes em vida, e nunca mais vou embora de algum lugar enquanto esse lugar viver...
E pelamor, não coloquem meu nome de registro quando a data da entrega definitiva vier! Sempre fui uma mistura de como me denomino e de como me chamam. Não poderia ser diferente... Deixem as letras de certidões para os burocratas. Pra mim, todas as boas coisas que seus papéis não compram. Matem o capitalismo na minha morte. Anarquizem seus sentimentos quando pensarem em mim. Se reúnam como nunca se reuniram através de mim - deixem eu ser ponte.
Sei que não faço pedidos de todo fáceis, mas penso que é absolutamente difícil ser esquecida. Cabeça dura e com fé na capacidade de vocês, eu peço gentilmente... Me salvem desse mal. Desejo, contudo, que mesmo que difícil, seja suave.Espero que esquecer também.

domingo, 20 de dezembro de 2015

Turn point

As coisas não andavam bem, e god knows eu não descanso até conseguir entender e mudar isso.
Entre entrevistas do TED, conversas sobre estar todo mundo mal e seriados como Master of None, me veio uma ideia. E aí duas. E aí três (talvez meu amigo esteja certo e eu não esteja num blackout criativo, talvez eu tenha várias ideias). É isso, consegui sair do meu ponto de não sentir e não querer nada com paixão.
Então estou criando três mini-jogos pra mim. E pra treinar habilidades que ando mandando mal como definir objetivos, descrever coisas e descobrir meus pontos fracos e fortes, vou escrever o porquê de estar fazendo cada uma.

Lá vai - que o jogo comece.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Ressaca. Duas descargas. O problema é a maré. Sempre culpamos a natureza por nossas incapacidades.

Você que se vê tão livre, amarra o que há de mais puro num manual pesado da não-relação (meio, irônico, ein?): até sábado eu não existo, nós somos uma história que você viu acontecer na rua ou em um filme que você não escolheu ver. São 6 dias, depois uma semana, depois vai saber. Eu entendi. Você não.

Você não me escolheu inteira. Eu não escolhi o seu café pequeno.
Sua transbordante cafeína que pinga no que você insiste em considerar um pires; é, eu sinto o calor e o cheiro de conforto, mas espirra amargo em mim.

Prédio.
Prédio prédio prédio versus coração, olhos e mãos; sexo.
Sempre culpamos a natureza por nossas incapacidades. A natureza se tornou o clichê menos praticado.
Prédio. Não cai assim, do dia pro outro. Mas seus significados sim, podem mudar. Você entende dos rituais, preciso explicar? Não, não foi aberto o espaço para explicações nesse manual.
E nós tivemos a porra dos 6 dias, da tal semana. Tivemos tempo.
Você não quis. Mas o fazedor de vídeos não sabe falar isso em voz alta pro público.
Vou facilitar sua escalada e deixar você na sua torre. Se cuida entre as cores.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

"De um lado você é exatamente o que eu queria, de outro você é totalmente impossível."

"De um lado você é exatamente o que eu queria, de outro você é totalmente impossível."
Assinado: mundo.
Ok, evitar os exageros.
Até mesmo pra perceber o não-exagero que pode existir em "exatamente" vindo de você. Parece sério.
É que estou acostumada com a ideia de ser impossível, no que há de bom e ruim para as pessoas. Isso não me assusta, isso não me faz recuar.
Mas por alguma razão me peguei sofrendo por um como não sofria desde a facada-de-cores-trago-amargo-fada-verde-dissolvendo-em-vitamina-C-dos-olhos-de-capitu, e isso me assusta.
Me assusta mais saber que estou disposta a continuar nesse trem, mas um susto positivo (e olha que não sou disso!), por estar me permitindo enfim.
Na outra caixa de texto, essa bem debaixo do nariz, embaixo na janela virtual, na janela dos olhos, a mesma perda. A mesma distância que não propus - e que meu poder em reverter era limitado justamente pelo meu dom de tornar natural tudo o que sai de cada um, ainda que a contragosto.
A mesma paixão arrebatadora da identificação, do poder explosivo mas destrutivo de dois que se querem profundamente, e profundamente se abalam pelo desejo de uma - é, eu, eu eu eu - de querer mais, sempre mais.
Dizem que é melhor ter dois pássaros na mão do que dois voando. Mas detesto simplismos, preto no branco. Os pássaros não são dois, eles não sabem só voar a esmo.
Esmo é o oposto de esmiuçar os detalhes, e isso não quer dizer pirar no desnecessário, nem procurar pelo erro, mas reconhecer os consensos e os dissensos que nos fazem diferentes - como é natural de ser - mas que nos fazem reais e juntos na experiência de viver das maneiras mais bonitas, ou mais justas, ou simplesmente mais confortáveis para seguir esse trilho que todos sabemos, não é fácil nem possível de seguir sozinho.
Mas, de novo, não existem só dois pássaros sobrevoando o trilho. E ainda bem. A dor vem de reconhecer isso num mundo que insiste em criar pop sertanejo sobre o apego, e não sobre o amor. A pena é uma geração de instantâneos que não mergulham nem se deixam sentir a água bater nos corpos. O brilho do que reflete nessa água só é percebida pelos que tem a sensibilidade e a força. A sensibilidade para perceber ao seu entorno, ver (e não somente olhar de relance) os outros (plural, plural!) e a força para saber ser coletivo de peito aberto em um bombardeio de individualismos que se fecham. E se fecham as portas para o que há de mais puro, que de um lado é exatamente o que eu queria, e de outro, totalmente impossível.
Agora - e por muito tempo, talvez? - é decidir: seguir o impossível absorvendo toda essa energia que pulsa do caminho, ou sucumbir à normalidade da mediocridade? Não, não, sucumbir jamais. Me parece mais razoável - pra não admitir ser o único caminho que compreendo - saber o que quer, ainda que não seja alcançável - a alternativa não me satisfaz, o intermediário me é estranho. Não abrirei mão, ainda que partes de mim derretam nas janelas vendo os pássaros escaparem à mão. Encarar o inevitável. A escolha mais honesta. É nessa força que me sustento, na corda da sensibilidade.

sábado, 8 de agosto de 2015

Se. Cê. Cesse. Acesse. Aceso. Cedo.

O que teria sido de nós se tivesse ficado, se tivesse voltado?
Seria a mesma coisa, porque não seria: foi. E o que acontece com a gente a vida não negocia:
é arredar o pé pra outro lado e tudo mudaria, e se assim não foi assim teve que ser, que bom!
Que bom que não tenho o seu pescoço quente pra roçar o nariz agora? Não, aah, isso encaixaria perfeitamente no tempo em que me desligo do mundo.
Que bom que não escuto você tocando guitarra ou assobiando uma música qualquer que eu cantei?
Que nada, mesmo se estivesse tentando me concentrar e seu som me desconcentra-se, concentraria na sua presença.
Mas não tenho sua presença - minto, tenho ela aqui num canto pesado mas bonito do peito esquerdo; mas tendo o vento no espaço que poderia estar você me pergunto algumas coisas já criando o compromisso da resposta ser tá tudo bem, foi como tinha que ser. e foi bonito. durou pra sempre naqueles instantes, e quando chegar perto de você desaparecer de vez, te vejo antes.
"Andábamos sin buscarnos pero sabiendo que andábamos para encontrarnos", né?
Eu lembro e você também.
E talvez o mais engraçado - não, engraçado não, cômico porque tem um tempero de tragédia e disritmia - é saber que você também pensa a mesma coisa.
E mesmo assim, não ouço seus pensamentos. No lugar deles está o vento ocupando o espaço da sua presença - Epa, foi só falar, e vejo você.
E aí - isso sim é engraçado.. não, pera, cômicotrágicocomendooprópriorabo de novo - a física perde totalmente o sentido, porque não sei responder se isso é estar ou faltar.
Mas no ctrl c ctrl v do cérebro - e do coração robótico que insistem - pobres! - que tenho, repito: tá tudo bem, foi como tinha que ser. E foi bonito. Durou pra sempre naqueles instantes, e quando chegar perto de você desaparecer de vez, te vejo antes.