Achar nesse blog ou em links próximos:

.

É preciso estar atento e forte: a má notícia é que as coisas mudam. Calma, a boa notícia é que as coisas mudam.
No meio disso tudo, eu escrevo...

segunda-feira, 29 de março de 2010

 
 
Pega um cigarro. 
Prometeu a si mesma que nunca passaria de 3 por dia. 
Vem cumprindo bem: só fuma quando está num estress muito grande,
daqueles nada construtivos, e para não destruir as oportunidades,
a mesa, a cabeça, dá o primeiro trago: calmo, sereno, pensante.
Pensando bem é o segundo cigarro; precisou de estímulo pra levantar da cama
e encarar o dia que começava. Mas fazer o que, cigarro não faz milagre,
chegou em casa e se viu nos mesmos dilemas, a mesma parede... Droga,
está na lista de prioridades pintar a parede, a madeira prende os delírios,
limita a reflexão. Talvez pinte de bonina. Ele não gostava de bonina, dizia
que essa cor não existia. Talvez ela não existisse pra ele.
Talvez não significou nada... 
Talvez significou tanto que ele não soube como encarar.. 
Tragou mais uma vez, se lembrou daquele amasso que a sua pele nunca esqueceu
de pedir. Chegou a sentir o vapor, o desejo em carne viva daquele corpo que
ela conhece tão bem, mas não o suficiente. 
Ora, vá lá, não conhecia nem o dele, que não gostava de bonina. 
E olha que o outro, o desejo, gosta de tudo..

segunda-feira, 8 de março de 2010

Co-tidiano.


 
Passam os prédios, o tempo, os postes
A vida gasta as solas dos sapatos,
Os laços enrolam a fé em novos abraços
Pessoas, perdidas, pedidos, partidos
São os corações que acreditam
Como fênix voltam a ver os olhos
Os prédios, o tempo, os postes
Tormento. Constante. Vivendo
E sobram os sagrados momentos de alegria
Imploro! Mantenha-os intactos.

Ode a John Keats

 Nunca gostei de poemas, nunca os entendi. Aí me vem John Keats, e ainda por cima, interpretado pelo meu eterno Jean Baptiste-Grenouille - o ator Ben Wishaw.
Na minha fase de vício em filmes não-blockbuster, eu encontrei essa pérola:
 Bright Star. O filme é baseado na história de John Keats foi um dos maiores poetas românticos da história, e o seu amor por sua vizinha, Fanny Brawne é mais do que tocante. Um amor intenso, mas leve aos olhos de quem vê. Nunca fui de melosidades amorosas, mas dessa vez, fiquei encantada com o respeito, a reciprocidade, a leveza e a pureza da relação.
 
  O vídeo acima é um dos trechos do filme que mais agradaram... meu tudo. Díficil escolher apenas um, mas indico o filme à todos que apreciam o bom romance, e a leveza das palavras.

  Me leva pra muito longe do século XXI onde tudo parece tão perdido, todo amor banalizado e os laços, os relacionamentos tão medíocres e sem luz.
  As cartas e poemas de Keats, somados à brilhante trilha sonora do filme, e a atuação magnífica do meu favorito, Ben Wishaw.
Flutuo nas nuvens da minha esperança. Não me atrevo a pedir por um romance como o de John e Fanny, mas um pouquinho de cumplicidade e nobreza entre duas pessoas nunca é demais!


Abaixo, fica uma das cartas de John endereçadas à Fanny, para os mais pacientes e românticos.

July 8th
My sweet girl,Your Letter gave me more delight, than any thing in the world but yourself could do; indeed I am almost astonished that any absent one should have that luxurious power over my senses which I feel. Even when I am not thinking of you I receive your influence and a tenderer nature steeling upon me. All my thoughts, my unhappiest days and nights have I find not at all cured me of my love of Beauty, but made it so intense that I am miserable that you are not with me: or rather (ou melhor), breathe in that dullsort of patience that cannot be called Life. I never knew before, what such a love as you have made me feel, was; I did not believe in it; my Fancy was afraid of it, lest it should burn me up . But if you will fully love me, though there may be some fire, 'twill not be more than we can bear when moistened and bedewed with Pleasures. You mention 'horrid people' and ask me whether it depend upon them whether I see you again. Do understand me, my love, in this. I have so much of you in my heart that I must turn Mentor when I see a chance of harm befalling you. I would never see any thing but Pleasure in your eyes, love on your lips, and Happiness in your steps. I would wish to see you among those amusements suitable to your inclinations and spirits; so that our loves might be a delight in the midst of Pleasures agreeable enough, rather than a resource from vexations and cares. But I doubt much, in case of the worst, whether I shall be philosopher enough to follow my own Lessons: if I saw my resolution give you a pain I could not. Why may I not speak of your Beauty, since without that I could never have lov'd you. I cannot conceive any beginning of such love as I have for you but Beauty. There may be a sort of love for which, without the least sneer at it  I have the highest respect and can admire it in others: but it has not the richness, the bloom , the full form, the enchantment of love after my own heart. So let me speak of your Beauty, though to my own endangering ; if you could be so cruel to me as to try elsewhere its Power. You say you are afraid I shall think you do not love me - in saying this you make me ache the more to be near you. I am at the diligent use of my faculties here, I do not pass a day without sprawling some blank verse or tagging some rhymes; and here I must confess, that, (since I am on that subject,) I love you the more in that I believe you have liked me for my own sake and for nothing else. I have met with women whom I really think would like to be married to a Poem and to be given away by a Novel. I have seen your Comet, and only wish it was a sign that poor Rice would get well whose illness makes him rather a melancholy companion: and the more so as so to conquer his feelings and hide them from me, with a forc'd Pun. I kiss'd your Writing over in the hope you had indulg'd me by leaving a trace of honey - What was your dream? Tell it me and I will tell you the interpretation threreof.
Ever yours, my love!
John Keats.

"Volta comigo?"

Os sentimentos já são outros, os que eu queria transferir para cá. Mas vou seguir uma ordem lógica, abrindo um parênteses aqui ou ali com o que acontece no agora.
__________________________________________________________________

Você está nua em frente à porta, e a nevasca não sente dó alguma do seu corpo ou seu estado de espírito. É ele, entrando com tudo e esquecendo a porta aberta, como se o frio congelante não fosse hora ou outra acabar te matando. Também, ele sempre foi desleixado, porque mudaria agora?
Mudaria? Disse que por você largaria a opinião dos amigos, o desleixo,os vícios...Mudaria?
E muda também as estações, as vontades, e você já sente que não precisa dele. Mas aí vem o seu corpo, sua pele arrepiada para te lembrar que quando ele te toca, você esquece o calor de uns e se joga no frio que a presença incompleta dele traz.
O eco da sua voz "volta comigo", susurrando no seu ouvido, no seu corpo, nas suas mãos ocupadas com as costas dele. "Eu quero é você, e só".
De madrugada, lê-se no celular: "Lembra, quando você quiser é só procurar. Eu te amo demais"
E dos seus lençois* rolam pérolas, e não se sabe se o som oco que fazem quando batem no chão é de saudade, indiferença, ou dúvida.

*
Ler "ah, esse fogo que arde", postagens antigas.