Achar nesse blog ou em links próximos:

.

É preciso estar atento e forte: a má notícia é que as coisas mudam. Calma, a boa notícia é que as coisas mudam.
No meio disso tudo, eu escrevo...

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Da MPB traduzindo tudo



Woke up this morning
Singing an old, old Beatles song
We're not that strong, my lord
You know we ain't that strong
I hear my voice among others
In the break of day

Hey, brothers
Say, brothers

It's a long long long long way
Os olhos da cobra verde
Hoje foi que arreparei
Se arreparasse a mais tempo
Não amava quem amei..
.

Arrenego de quem diz
Que o nosso amor se acabou
Ele agora está mais firme
Do que quando começou
It's a long road

A água com areia brinca na beira do mar
A água passa e a areia fica no lugar...

E se não tivesse o amor
E se não tivesse essa dor
E se não tivesse sofrer
E se não tivesse chorar
E se não tivesse o amor


No Abaeté tem uma lagoa escura
Arrodeada de areia branca

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Das coisas entre 2

 Não tinha outro som no mundo que não o das gotas do chuveiro e a voz dele. Falava sobre o que acreditava e sobre o que ainda não sabia. Falávamos assim, debaixo do chuveiro, das coisas da vida.
Depois nos enfiamos nus debaixo do lençol e esquecemos do resto das coisas.

the circus in my living room

  O silêncio é quebrado pelo barulho de louça tremendo. O brilho dourado que encontrou espaço entre as rendas da cortina repousa nas xícaras de porcelana. Vultos disformes se aproximam, ao tilintar do que parecem moedas... O som de um pandeiro cigano, será?
  Um feixe de luz ilumina a penumbra, revelando alguns contornos das figuras que avançam, envolvidas por uma espécie de poeira. Amarelo, vermelho; cores do circo as acompanham. Cores meio gastas, sapatos meio gastos, pessoas meio gastas. Figuras circenses com isso ou aquilo corroídos, passos arrastados e cambaleantes, dotados de uma elegância estranha. Seus corpos caminham juntos como se fossem uma coisa só, como se fosse ensaiado, exibindo os mesmos diferentes gestos agudos. Rasteiros, sao desajeitados e encantadores, de expressões tristes e fortes, nobres e pobres. Carregam um ar convidativo, que é tanto hesitação quanto curiosidade.
São tão tortos! E são tão bonitos...
As almas se misturam meio sem querer e meio que se entregam. O sol e as xícaras fazem amor.

domingo, 11 de setembro de 2011

  A forma como Manuel Bandeira encara a morte é além de linda, sábia. Abre as portas para a sua chegada com uma serenidade resultado de longos anos convivendo com a ideia do fim. Quase que namora a morte, alguns dizem. Ela se torna coisa próxima, fazendo-se lembrar nas coisas grandes e pequenas da vida. E aí o poeta trata também a vida com respeito, sabendo aceitar sua fragilidade e descobrindo a beleza simples no existir.
 
  Não joguem pedras na morte. Ela está aqui para cumprir a sua função e só.
  Talvez não só...

 
                              Consoada


Quando a Indesejada das gentes chegar
(Não sei se dura ou caroável),
Talvez eu tenha medo.
Talvez sorria, ou diga:
- Alô, iniludível!
O meu dia foi bom, pode a noite descer.
(A noite com seus sortilégios.)
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
A mesa posta,
Com cada coisa em seu lugar.
- Manuel Bandeira

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Coffee Heart

Ele te esquenta no frio, te traz aconchego nas manhãs mais cinzas
e te dá ânimo quando você quer desistir.
Mas diante dos mais indelicados, ele queima, e sem dó.

Pode ser suave ou carregado de sabor, reflexo das circunstâncias e humores.
Pode ser doce ou amargo, depende de quem o tratar.

Ele é clichê, assim como as formas mais educadas e discretas
de se pedir respeito, compreensão e um pouco de carinho.

Bem vindo ao meu coração de café...

[6/9/2011]

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Céu de 6h da tarde.

  Eu tenho um desespero micro e um macro, um sentimento forte que Bob Dylan arranca de mim com essa música, sobretudo quando ainda não escureceu mas já não está mais claro.
  Micro, sobre as coisas pequenas do dia-a-dia, da vida aqui e agora.
  Macro, o mais abstrato e pesado, das coisas do mundo, que são muito mais sérias do que as que eu costumo presenciar no cotidiano, mas sei que existem. E aí eu me sinto imensamente mal e desconfortável, por ser tão afortunada enquanto outros padecem no sofrimento em outro canto do mundo.
  A fome, a guerra, a miséria, o descaso. Os resultados da loucura humana de pensar que as pessoas servem ao dinheiro e não o contrário. Os distúrbios do mundo, que você sabe que serão mantidos pela ganância e pelo egoísmo das pessoas, e aí eu vejo, como um flash, toda a maldade e a frieza da vida que levamos sem perceber.

 E a vertente romântica e esperançosa da Ninha fica no outro post.
Vou dormir pensando nas máscaras do teatro...

Céu azul de manhã

Eu quero mais riso. Quero mais violão.
Quero mais abraços. Quero mais café e mais conversa-de-domingo.
Quero gente mais bem humorada, que ri de bobagem; gente mais irreverente, assim.
Quero gente que ama e gente que torce o nariz. Gente com gostos e desgostos, com alguma alma pra mostrar.
Quero mentes mais abertas e quero, sobretudo, a extinção e abominação total do preconceito.
Quero gente que respeita a dor e sabe ter compaixão.
Quero um mundo mais assim, humano, no que isso tem de positivo.
Quero um mundo mais utópico, porque agora estou romântica e clichê, e quero que isso não morra nunca.

Desabafo: FOMO

   Eu estava indo bem, o dia foi bom, aquele sentimento para o qual eu ainda não dei nome não tinha me atingido.
   Mas foi lendo o texto de Thiago Lasco sobre FOMO, (Fear of Missing Out, ou seja, o medo de ficar sozinho, ser deixado de fora) que esse meu sentimento para o qual eu ainda não dei nome voltou.
   Esse sentimento é difícil de definir. Não é raiva, porque tem um quê de dó. Não é dó, porque tem um quê de repulsa. Não é repulsa, porque tem um quê de compaixão. Mas também não é compaixão, porque tem um quê de desânimo.
   Sei que são muitos sentimentos ruins pra um parágrafo só. Mas é isso mesmo. E aqueles que consideram inconcebível tanta negatividade, pois bem, de repente são responsáveis por esse meu incômodo.
  Quando entro no facebook, é quase sempre o mesmo processo. Checo o número na caixinha vermelha que indica o número de atualizações que são referentes à mim, enquanto percorro com os olhos as atualizações mais recentes. Por alguns segundos, rezo pra ter algo interessante, mas a esperança reduz quando faço a conta mental do número de pessoas que de fato compatilham coisas interessantes versus o número de sujeitos que cospem coisas que me são indiferentes ou, quando o azar é maior, chegam a me irritar. Irritar não. O sentimento é aquele, que ainda não tem nome.
   Claro, compartilhar momentos de alegria, artigos engraçados e manter contato com as pessoas que você gosta, ou até mesmo conhecer novas pessoas é saudável e positivo. Mas acho que tem um limite pra tudo. Há uma extrapolação do sentimento e da necessidade de ser visto, de tal forma que fica perceptível, para os olhos mais e menos atentos, que em certas fotografias a alegria não é legítima, os protestos não são ideais de fato e comentários pra lá de dispensáveis tiveram uma carga de esforço que não condiz com a sua importância.
   Piadas internas só são internas quando você não faz força pra que os outros se interessem em descobrir. Sentimentos pessoais só são pessoais se você não escrever sobre eles no seu mural esperando que as pessoas perguntem sobre a sua crise. Se seus planos são "não divulgáveis" não faça sneak peeks, por mais que você queira, sua vida não é um programa de TV.
   Não é que me revolte, afinal em nada afeta a minha vida a existência de um ou outro carente de atenção. Mas quando esses tipos se tornam maioria, além de ofuscarem pessoas que tem de fato bagagem interessante para compartilhar, (pois essas se perdem no meio dos "onde estou, fazendo o que"e HAHAHAHAHAs) uma tendência preocupante é evidenciada: um número cada vez maior de pessoas que, buscando não serem "apenas mais uma na multidão" escancaram suas particularidades e privacidades.
   Talvez seja a vida dinâmica como é hoje, com muito pra conhecer e o tempo é curto, e por isso deve ser aproveitado ao máximo. E aí vem o fenômeno da FOMO, pessoas desesperadas para ter a foto mais popular da semana, para serem chamadas pra todo e qualquer evento, para serem notadas.  Receber um "curtir" pelo seu senso de humor é quase como se a pessoa houvisse um "eu gosto de você". Ser mencionado em um comentário então, um orgasmo. Um esforço-monstro para despertar um interesse-placebo que chega a ser um pouco patético.
   A questão é saber viver bem independente dos holofotes da internet; viver mais para si e não para os outros. As suas experiências não podem ser menores do que os comentários sobre ela. Esteja inteiro quando você está em uma mesa, em uma festa, em uma roda de pessoas. Pare de ficar encarando a tela, e não se deixe depender de um acesso 3G para render um assunto. Não se torne parasita obrigatório da internet, a vida tem muito mais do que isso pra oferecer.
   E por favor, pare de me contar 90 coisas de uma vez sobre você. Valorize as informações a seu respeito, até porque "livros abertos" e "águas rasas", justamente por serem fáceis e rápidos demais de serem compreendidos, não despertam o interesse que você almeja com todo esse show.

Hmm, sinto que meus amigos no facebook diminuirão depois dessa...