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É preciso estar atento e forte: a má notícia é que as coisas mudam. Calma, a boa notícia é que as coisas mudam.
No meio disso tudo, eu escrevo...

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Desabafo: FOMO

   Eu estava indo bem, o dia foi bom, aquele sentimento para o qual eu ainda não dei nome não tinha me atingido.
   Mas foi lendo o texto de Thiago Lasco sobre FOMO, (Fear of Missing Out, ou seja, o medo de ficar sozinho, ser deixado de fora) que esse meu sentimento para o qual eu ainda não dei nome voltou.
   Esse sentimento é difícil de definir. Não é raiva, porque tem um quê de dó. Não é dó, porque tem um quê de repulsa. Não é repulsa, porque tem um quê de compaixão. Mas também não é compaixão, porque tem um quê de desânimo.
   Sei que são muitos sentimentos ruins pra um parágrafo só. Mas é isso mesmo. E aqueles que consideram inconcebível tanta negatividade, pois bem, de repente são responsáveis por esse meu incômodo.
  Quando entro no facebook, é quase sempre o mesmo processo. Checo o número na caixinha vermelha que indica o número de atualizações que são referentes à mim, enquanto percorro com os olhos as atualizações mais recentes. Por alguns segundos, rezo pra ter algo interessante, mas a esperança reduz quando faço a conta mental do número de pessoas que de fato compatilham coisas interessantes versus o número de sujeitos que cospem coisas que me são indiferentes ou, quando o azar é maior, chegam a me irritar. Irritar não. O sentimento é aquele, que ainda não tem nome.
   Claro, compartilhar momentos de alegria, artigos engraçados e manter contato com as pessoas que você gosta, ou até mesmo conhecer novas pessoas é saudável e positivo. Mas acho que tem um limite pra tudo. Há uma extrapolação do sentimento e da necessidade de ser visto, de tal forma que fica perceptível, para os olhos mais e menos atentos, que em certas fotografias a alegria não é legítima, os protestos não são ideais de fato e comentários pra lá de dispensáveis tiveram uma carga de esforço que não condiz com a sua importância.
   Piadas internas só são internas quando você não faz força pra que os outros se interessem em descobrir. Sentimentos pessoais só são pessoais se você não escrever sobre eles no seu mural esperando que as pessoas perguntem sobre a sua crise. Se seus planos são "não divulgáveis" não faça sneak peeks, por mais que você queira, sua vida não é um programa de TV.
   Não é que me revolte, afinal em nada afeta a minha vida a existência de um ou outro carente de atenção. Mas quando esses tipos se tornam maioria, além de ofuscarem pessoas que tem de fato bagagem interessante para compartilhar, (pois essas se perdem no meio dos "onde estou, fazendo o que"e HAHAHAHAHAs) uma tendência preocupante é evidenciada: um número cada vez maior de pessoas que, buscando não serem "apenas mais uma na multidão" escancaram suas particularidades e privacidades.
   Talvez seja a vida dinâmica como é hoje, com muito pra conhecer e o tempo é curto, e por isso deve ser aproveitado ao máximo. E aí vem o fenômeno da FOMO, pessoas desesperadas para ter a foto mais popular da semana, para serem chamadas pra todo e qualquer evento, para serem notadas.  Receber um "curtir" pelo seu senso de humor é quase como se a pessoa houvisse um "eu gosto de você". Ser mencionado em um comentário então, um orgasmo. Um esforço-monstro para despertar um interesse-placebo que chega a ser um pouco patético.
   A questão é saber viver bem independente dos holofotes da internet; viver mais para si e não para os outros. As suas experiências não podem ser menores do que os comentários sobre ela. Esteja inteiro quando você está em uma mesa, em uma festa, em uma roda de pessoas. Pare de ficar encarando a tela, e não se deixe depender de um acesso 3G para render um assunto. Não se torne parasita obrigatório da internet, a vida tem muito mais do que isso pra oferecer.
   E por favor, pare de me contar 90 coisas de uma vez sobre você. Valorize as informações a seu respeito, até porque "livros abertos" e "águas rasas", justamente por serem fáceis e rápidos demais de serem compreendidos, não despertam o interesse que você almeja com todo esse show.

Hmm, sinto que meus amigos no facebook diminuirão depois dessa...

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