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É preciso estar atento e forte: a má notícia é que as coisas mudam. Calma, a boa notícia é que as coisas mudam.
No meio disso tudo, eu escrevo...

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Merda, rapaz.

Dói.
Dói daquele jeito besta e forte.
Dói e é bem ridículo, desses ridículos de entrar numa página do facebook e ver que você tem uma nova foto de perfil e me perguntar o que anda fazendo da vida só por conta disso.
Dói que você, por outro lado, deve estar vivendo a vida leve sem nenhum problema com o que foi a nossa amizade. Dói que talvez a razão para que ela tenha acabado seja nem tão grande assim, já que você superou facilmente e seguiu. Dói não saber.
Dói também que talvez sua vida nem esteja tão leve, mas isso não tem nada a ver comigo.
Dói, e dói muito, e não tem nenhum poema ou texto bonito que eu consiga fazer sobre isso.
Só o silêncio.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Convite para um novo tipo de amor

Será que ainda te conheço?
Quer dizer, não te conhecia naquela época, e já te amava.
E não te conheço hoje, e ainda te amo.
Te amo diferente, e diferente como és hoje.
Você me amou diferente como eu era. Será que ainda me ama hoje?
Me amará amanhã?
Espero que sim. Acredito que não morreremos nunca.
Mesmo podendo morrer amanhã.
Não morreremos jamais dentro de nós.
E afinal de contas,  ninguém nos conhece por completo, nem nós mesmos.
Mas acredito, acredito sim, pode acreditar: sinto que te conheço.
Com todos os desconheços, te vejo.
Te vejo e gostaria de ver mais, de ser mais, de sentirmos mais. Por que não?
Gostaria que soubesse que sei que esses olhos não são tristes nem frios
mas quentes, cheios de dúvidas, cheios de desejos, inqueietudes
complexidades e completudes.
É, acredite, você é cheio de completudes, ainda que mutantes - como é natural do ser.
Na nossa incompletude me consterno e me arremato.
Acredito que você também... Talvez seja para você lamentavelmente adorável a ideia de nãos sermos.E de não nos acabarmos.
Que coisa mais esquisita o nosso caso...
Mas meu amor (e aqui não digo como no passado, mas com a maturidade de um amor crescido e puro, contemplado na busca pelo desapego)
Meu amor, não tens que ficar só.
Não tens também que ficar só comigo. Somos livres, pra ir e pra voltar.
Mas se quiseres, estou aqui, nos dias de chuva, às 3 da madrugada,
pra fazer algo que seja importante, pra não fazer nada.
Pode me mostrar sua carência, meu colo é afeto.
Pode me confiar a amizade, que eu retornarei.
Não te pedirei nada além da cumplicidade
para encararmos - quando quisermos - juntos essa sociedade
rica, mas doente; dinâmica, mas impaciente.
Mas calma, não se desespere com essa minha resenha!
Não se assuste mais com a possibilidade da minha presença.
Não é nenhum voto para arrebatar seu coração, não te peço nas minhas mãos
É tão somente uma porta aberta, não é preciso ficar tão alerta.
Não veja isso como uma declaração renitente
Nem do passado querendo reinventar-se no presente
É tão somente o meu carinho, que aqui ponho a seu dispor
para quando estiver a fim,
Quando quiser, sem medo e sem expectativas, um novo pouco mais de mim.

Good Morning Kelly

Dou bom dia para Kelly
água fria na pele quente
no dia quente
parece praia.
Ladrilhos coloridos na parede ao redor
do que não é um espelho, uma espécie de panfleto antigo
o chão permanece frio.
Seria um belo bom dia
se houvisse um assovio, um chamado,
vindo ali do metro ao lado,
ainda que cansado.
Mas continua sendo um bom dia.
A tela recorta esse momento 
Um corpo bonito e nu descansa
Outro corpo bonito e nu levanta
sob a luz da cortina tom pastel.
Dá bom dia para Kelly, que dá bom dia pro outro corpo todo dia.
É um bom dia, tenha começado ele vermelho ou terminado bege-cortina.
É um bom dia para as duas moscas nuas
Duas moscas sedentas por sangue
sangue vermelho como o tapete persa pendurado na parede
vermelha
vermelho
como já foi o sangue que jorrou daquelas cicratrizes
que ele tem, ela também.
jorrou afora, jorrou por dentro, que seja.
Poderiam se conhecer melhor
poderiam se reconhecer piores
Que seja.
Ficou pra trás uma vela em meio à cerveja
Depois vou lá buscar.
O nosso negócio é transar e continuar
O nosso negócio é transar mas não deixar o sangue transbordar.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Segundo as perspectivas de Escher

Se nesse instante
da sala do periscópio
vi meu amor no poço infinito
estaríamos presos ou fadados à eternidade?
Ou seria a mesma coisa?
Ou é a mais lúcida liberdade,
e a gente, humano de mente e coração doente
é que cria - louca ou racionalmente - perspectivas irreais?

Saí do periscópio
(Ainda que prolongado esse pensamento inócuo)
e voltei a caminhar com os loucos normais.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Passando... O homem e você.

Um homem passa balançando um guarda-chuva (por que é sombrinha para mulheres e guarda-chuva para homens? Mulher não guarda chuvas, está sempre seca e bem apresentável à sombra?)
Pra onde ele vai? Não sei... Talvez nem ele mesmo saiba.
Pra onde eu vou? Nunca sabemos ao certo.
Sou só mais uma pessoa olhando da janela a vida cotidiana...
É engraçado como o cotidiano pode nos afastar na ideia do futuro sendo eles tão entrelaçados...
A lua está escondida atrás de um prédio. De outra janela deve ser possível vê-la. Ou será que depende só de nós, aqui de nossas janelas, querer vê-la?

domingo, 13 de outubro de 2013

Mambembe

Mambembe
É como me sinto.
Mambembe
é se sentir assim
à mercê do tonto querubim
que já nem faz tanta questão assim
de te ajudar a levantar
Querubim sem asas
pois se asas tivesse
levava as palavras de amor
pra onde devem estar
Se alguma compaixão restasse,
levava-me desse lugar
Mambembe.

Não faz assim

Dói, essa coisa pequena...
Dói, você acha um problema
De repente tudo fica tão claro, como um sábado nublado
De repente fica tudo tão turvo, você não consegue ver o fundo
Não pode ver para além da esquina,
seus passos não acompanham mais, talvez?
Qualquer consolo pra ficar em paz
Mas quê isso, rapaz
Se essa paz estava ali faz tão pouco tempo
Como de repente isso vira um tormento?
Não entendo.
Talvez as coisas não nos caibam mais
talvez seja hora de dormirmos em paz...

A cidade e seus pólos/pólens mil

Pessoas cheias de expectativas nas suas saias justas e brilhantes e calças bem passadas
Quase todas frustradas
E do outro lado da cidade uma trupe de gente sem vaidade
se regogiza numa batucada de bamba
Pintando com giz de cera as cores de uma nova era
Ao som da roda de samba
É, me achei nesse lugar
e enquanto pudermos nos acompanhar, fico por aqui
bamba, bamba, bamba...

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Fora de Ordem

De dia penso no cano da pistola que as crianças mordem...
De noite penso no cano da pistola que as crianças mordem,
na sua batata da perna moderna, na trupe intrépida em que fluis...
Ocupando o espaço daqueles que dormem,
reviro a madrugada
Fumando meu cigarro, vendo filmes franceses e curtas chineses
Trabalhano no mérito daquele texto que me pediram pra fazer
e me trabalhando nos textos que me completam
e me deixam por fazer
Pensando em quem sobe ou desce a rampa
Rememorando alguma coisa em nossa transa
que é quase luz forte demais
Parece pôr tudo à prova
Parece fogo, parece
Parece paz, parece paz...
Um show de Jorge Benjor dentro de nós
Por que não sentí-lo no horário que bem quisermos?
Que se dane se eu estou na ordem inversa do mundo
Eu sei o que é bom...
E quem disse que de fato estou tão inversa assim?
Não seria os outros, os que amarram suas particularidades
que abafam suas transgressividades?
Eu não espero pelo dia
Em que todos
Os homens concordem
Apenas sei de diversas
Harmonias bonitas
Possíveis sem juízo final...
E que seja então fora de ordem, então
prefiro continuar com minhas harmonias bonitas no escuro
esperando a hora clara em que os outros também as ouvirão

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Acalmar...A cá, o amar.

Ó meu bem, deita aqui ao meu lado, nesse quarto acinzentado pintado de azul...
Sem nos superpreocuparmos com o além, com o que vem depois...
Saibamos ter a tranquilidade de estarmos nesse momento e nele apenas.
Saibamos, claro, admirar o passado por ter-se feito escada para o hoje. Mas não vamos contemplá-lo como a um deus inalcançável, sabe?
Sejamos saudáveis. Mas também honestos para admitirmos nossa humanidade em não sermos sempre saudáveis. Saibamos lidar com isso, aceitar nossos erros como parte natural e indissociável da condição de existir.
E vamos existir, aqui, ouvindo London, London e percebendo as partículas dançarem na luz que passa pela janela.
Pois é, as partículas, que parecem tão paradas, estão na verdade se movendo, percebe?
Pois assim, também nós devemos nos refrear pra melhor caminhar.

Acalmar.
Acalentar o mar...
A cá, o amar.

Da solidão - quão ilusória?

Não sei... me sinto tão bem quando estou sozinha, na maioria do tempo.
Será isso um índice de pouca sociabilidade, ou simplesmente de equilíbrio espiritual?
Na real, não sei se é um bom sinal, por aproveitar minha própria companhia, sentindo que não preciso de mais nada naquele momento; ou se é meu próprio "enganamento", fingindo não saber precisar de algo mais.
Na real mesmo, acho que é porque no fundo, não me sinto sozinha nesse exato momento. Porque no quadro geral, talvez eu não esteja sozinha afinal...

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Francêsinglêsportuguêsmangalês
Abolimos as línguas
Fronteiras não existem
Flutuamos
Cambalhotamos em gelatina e pó
Somos livres, nem sabemos o antônimo disso
Fluidos existimos
Não existe amor ou desamor
Sabor ou dissabor
Não existe o muito, não há gradações
Não admiramos relógios derretidos, pois derretemos todos os conceitos
de hora, dias e ponteiros
Não existem classificações, definições, titulações
Não existe início meio nem fim
Nada cabe em você ou em mim, somos uma coisa só não-coisificável,
Somos tudo, incontáveis como, se nem sabemos contar?
Expandiríamos no ar, mas não acreditamos nas divisões atmosféricas
Somos todas as cores infinitas e indissociáveis
Se misturando num gel galático - mas o que seriam as galáxias
Se não estrelas e astros vários
que não sabemos diferenciar do universo inexplicável que somos?

sábado, 5 de outubro de 2013

Vamos

Na contramão da via
Aceleramos indomáveis
Na direção do tempo
Com ele não brigamos
Combinamos
Fizemos um acordo não verbal, transcendental
E o céu se abriu pra sempre pra nós

Nesse instante infinito

Bababa conversamos
Papapapa dançamos
nos enrolamos
Engatinhamos feito gatos
Magnetizados
Noite adentro e fora
De dentro pra fora
Toda energia aflora
Agora

Próximo minuto

Desisti de me segurar
O trago quente, caiu as cinzas prédio abaixo
E eu me joguei em brasas
Em asas cintilantes
Pro que pode ser o melhor dia da minha vida