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É preciso estar atento e forte: a má notícia é que as coisas mudam. Calma, a boa notícia é que as coisas mudam.
No meio disso tudo, eu escrevo...

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

and hope could be on the other side of the lake..

See a mountain, see an ocean, see the years that bring rock and tide together...
Settle down, I said to myself: things that come with time will always be better...
Everyone gets what they want too fast, these days,
No one knows the way to make things last
Still I say: hey baby, I'm through waiting,
 'cause I need you now, I'll show you how
 you can take my hand and save me

 c'mon, save me




terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Cidade IV

Assim - dizem alguns - confirma-se a hipótese de que cada pessoa tem em mente uma cidade feita exclusivamente de diferenças, uma cidade sem figura e sem forma, preenchida pelas cidades particulares.


- Ítalo Calvino, As cidades invisíveis


Me fez lembrar das minhas cidades particulares, das quais as que tornei de certa forma públicas me recompensaram com um certo email. Entende?

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

hahahaha



Uma coisa ridícula dessa, e eu consegui pausar a tristeza nos primeiro 15 segundos.

E o passado pede bis..



Esse amor parece tá no fim... Vai se distraindo e vai sem mim... Ou talvez quem sabe nada é em vão.
[...] Meu coração esses dias chorou com saudade de você... E você se despreocupou, me ignorou, nem quis saber...

Nuvem negra


Não adianta me ver sorrir, espelho meu. Meu riso é seu... Eu estou ilhada.
Hoje eu não ligo a TV nem mesmo pra ver o Jô. Não vou sair, se ligarem não estou.
À manhã que vem nem bom-dia eu vou dar. Se chegar alguém a me pedir um favor, eu não sei...
Tá difícil ser eu, sem reclamar de tudo...
Passa nuvem negra, larga o dia e vê se leva o mal que me arrasou, pra
 que não faça sofrer mais ninguém.
Esse amor que é raro e é preciso pra nos levantar, me derrubou, não sabe parar de crescer, e doer.

São as cebolas

Eu tenho vontade de por os pés em Moçambique, ainda que eu descubra que não é aquele lugar lindo dos cartões postais.
Eu gostaria de ver a ponte do Brooklyn. Poder sentar nela ao entardecer e sair só quando cair a noite.
Eu gosto bastante de dançar, não sei quando parei. Tenho essa sensação incrível quando me imagino dançando essas músicas latinas, geralmente imagino uma praia ou um daqueles bares caribenhos que parecem ter toda uma energia diferente. Vai saber, nunca fui num. Fico parecendo essas pré-adolescentes que assistem seriados e filmes na TV e resolvem sonhar. Talvez porque eu não consiga transmitir direito a ideia que passa na minha cabeça... Não acho que sonhar seja clichê. Também não é só sonhar, e sim fazer aquilo que te faz bem... Acho que o termo certo seria alumbramento. Acho que o dia-a-dia precisa de uma mágica aqui ou ali, pra que o azar, a aflição, o medo e as mágoas sejam a fração menor. Acho que a vida é um momento - às vezes longo, às vezes curto - e o que se faz com ele é o que você é, e dessas coisas eu imagino que se busce um saldo geral positivo.
Eu tenho vontade de fazer muitas coisas, das quais a maioria eu esqueço por me faltar a memória... Mas eu não esqueço do quanto é preciso ter pessoas em volta que você valorize, e que vejam valor em você.
E é isso que mais me faz falta. Mais do que a dança, do que as festas animadas, dos lugares que eu poderia conhecer... Mais do que qualquer outra coisa eu queria ter alguém pra rir desses filmes de comédia forçados naqueles domingos parados. Alguém pra encher a cara comigo quando estivesse me sentindo mal. Alguém que se importasse o suficiente...
Não é que eu seja completamente sozinha. Eu não tenho dificuldades em imaginar minha vida em uns 10 anos, com alguém pra dividir o sofá a noite, isso não me perturba. Tenho um namorado ótimo, que é uma excelente companhia. Mas tem certós vazios que só podem ser preenchidos por certas pessoas. E eu não as vejo por perto...
Pode ser drama meu, vai saber, devo estar de TPM... Mas hoje as coisas parecem mais tristes.
Às vezes eu acho que a vida é feita pra se ter os momentos bobos que você almeja, e pra tocar o coração das pessoas. E ultimamente eu não tenho feito nenhum dos dois.

26 de Dezembro de 2010

sábado, 18 de dezembro de 2010

Cidade III

Transeunte: pessoa, cujo nome não importa, que passa não importa pra onde.

- definição de Adriana Falcão, no Pequeno Dicionário de Palavras ao Vento



Engraçado como às vezes paro pra reparar nas pessoas.
O homem velho sentado no banco da praça. Como ninguém nota o olhar que vai longe, através dos anos?
A senhora com mãos calejadas, de quem trabalha mais do que os ossos possam suportar, os olhos num estado de cansaço que reflete o desgaste do corpo...
A mocinha jovem, com vestido estampado, com ar de quem sonha com alguém. Um ferreiro, um jovem empresário, algum rapaz que acabou de se alistar no exército?
Dezenas de pessoas passam na faixa de pedestres. Quanta história, quantos sonhos e lembranças acumulados em poucos metros quadrados. Devia ser proibído isso, de sobrecarregar espaços com pensamentos de tal forma que esses perdem o valor.
 Pouco tempo pra imaginar o porque daquele olhar ou o dono daquele sorriso. Um formigueiro de pessoas, que passam apressadas, e apressadamente desaparecem. Transeuntes. Palavra estranha, que desmazela a possibilidade de detalhamento, de atenção. Palavra que torna tudo rápido, passageiro e sem importância; homogêneo e efêmero.
Eu sou só a garota que passa ajeitando o cabelo e atravessa a avenida.

E em casa não canso de imaginar o que está nos olhos e o coração do menino na bicicleta.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Cidade II

Saber orientar-se numa cidade não significa muito. No entanto,  perder-se numa cidade, como alguém se perde numa floresta, requer instrução. Nesse caso, o nome das ruas devem soar para aquele que se perde como o estalar do graveto seco ao ser pisado, e as vielas do centro da cidade devem refletir as horas do dia tão nitidamente quanto um desfiladeiro.

- Walter Benjamin, Tiergarten

Cidade I


No singular porque no fundo tudo se resume à mesma ideia. A essa oposição entre o coletivo e o singular, entre a diversidade por metro quadrado e o efeito homogeinizador do ritmo urbano.
E um dos elementos-chave das cidades são as ruas. Pois como lí, costuma-se resumir as cidades a partir das impressões que temos de suas ruas. E ninguém fala tão bem das ruas como João do Rio...

"A rua nasce, como o homem, do soluço, do espasmo. Há suor humano na argamassa do seu calçamento."


"Os séculos passam, deslizam, levando as coisas fúteis e os acontecimentos notáveis. Só persiste e fica, legado das gerações cada vez maior, o amor da rua."

sábado, 11 de dezembro de 2010

O menino que carregava água na peneira

Tenho um livro sobre águas e meninos.
Gostei mais de um menino que carregava água na peneira.
A mãe disse que carregar água na peneira era o mesmo que roubar um vento e sair correndo com ele pra mostrar aos irmãos.
A mãe disse que era o mesmo que catar espinhos na água. O mesmo que criar peixes no bolso.
O menino era ligado em despropósitos.
Quis montar os alicerces de uma casa sobre orvalhos.
A mãe reparou que o menino gostava mais do vazio do que do cheio.
Falava que os vazios são maiores e até infinitos.
Com o tempo aquele menino que era cismado e esquisito porque gostava de carregar água na peneira,
com o tempo descobriu que escrever seria o mesmo que carregar água na peneira.
No escrever o menino viu que era capaz de ser noviça, monge ou mendigo ao mesmo tempo.
O menino aprendeu a usar as palavras.
Viu que podia fazer peraltagens com as palavras. E começou a fazer peraltagens.
Foi capaz de interromper o vôo de um pássaro botando ponto final na frase.
Foi capaz de modificar a tarde botando uma chuva nela.
O menino fazia prodígios. Até fez uma pedra dar flor!
A mãe reparava o menino com ternura.
A mãe falou: meu filho, você vai ser poeta.
Você vai carregar água na peneira a vida toda.
Você vai encher os vazios com as suas peraltagens e algumas pessoas vão te amar por seus despropósitos.

- Manoel de Barros.

Deixando a memória descansar

Hoje você não me incomoda. Vim só pra guardar que hoje não escrevo aqui os meus textos pra você, porque estou com pressa pra dormir pensando em outro alguém.

12 de Setembro de 2010.