Achar nesse blog ou em links próximos:

.

É preciso estar atento e forte: a má notícia é que as coisas mudam. Calma, a boa notícia é que as coisas mudam.
No meio disso tudo, eu escrevo...

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Caetanagens

Feixes de luzes alaranjadas amarelas vivas
correm na beirada da pequena xícara turca
Mais um cigarro
Mais um trago, mais um suspiro, respiro...
Às vezes não sinto a diferença entre um e outro
Deixa o pagode romântico soar...
Em badaladas de amor nosso tempo se vai
Corroemos os cantos que ainda sobram, aflitos e desesperados
por esse fim mal anunciado, retórica dos namorados...
Que seja, que seja, que fosse, se fosse...
Ah, vá, que venha o que tem que vir
Mas que demore, que embole mais um tempo
que enrole, ah, que rebole o tempo.
Morreremos aos poucos assim
Enrolando nossas pernas
fotografando na retina desses olhos lindos
nossos pelos brasis
Deixa esse ponto brilhar no atlântico sul
Coração azul
Forte e cortante
Ficou instituído
Estamos parados nesse instante de nunca parar
Nada virá
Será...
Ninguém pode ser tão feliz?
Recântico infeliz
Aprendiz do amor, a gente cambalea
Traz o amor, o futuro fica lá fora
Macabéa na sua vida, minha estrela não tem hora
Aprendizes da dor, inventamos palavras
Para o que não é traduzível nem em uirros
Talvez em uirros... Mas não os ouviremos
beijos loucos gritos roucos só o Chico
Aqui são outros. Loucos. Mudos. Roucos...
Por aqui, a cabeça aí, longe
Traz pra perto seu desassosego, vai
Cai nas teias do natural, do que é palavra feia e forte, visceral
Carreguemos praquele carro nossas bagagens
Caetanagens
Pequenas grandes sacanagens
Nas quais nos embrenharemos,
embrenhando no emaranhado desses seus cabelos
penteando os fios intermináveis do que vivemos
Oremos
Que o tempo, tempo, tempo se recolha, em vão
Deixe respirar esse novo velho amor pagão
Deixe respirar, mas não em tragos de cigarros,
suspiros meio muito estranhamente respirados
Que respiremos perto
transformando esse nosso inverno
essa hibernação desinvernar
Desenvenenármos eu nosso próprio veneno
Veneno da cobra verde, olhos verdes,
ciganos seremos, serenos, será?
Desembaralhemos esse castelo de cartas iguais
que mais prende do que protege, 
Que construímos num invisível; invencível cais
Nosso, comum, não visitado
Que isso não seja um fado
Um fardo, não
Que você possa me dar a mão
E carreguemo-nos, com a mão livre, leves no coração.
Como a fumaça desse cigarro, mais um, mais tantos
Mais uma nova velha canção
no meu peito de  insensatos incendiantes incessantes prantos
Queimemos em febre nossos caetanos

[e não ponho ponto final,
porque nesse ponto afinal
quero ter minhas coxas apertadas nas suas
costas nuas
loucuras cruas
bocas sujas
das palavras que nunca dizemos
e agora verbo-reageremos
Caetanices sandices meninces
maturidades e pessoalidades
compartilharemos fases
físicas críticas místicas com carícias em leque
Xeque:
Diremos. Atestaremos.
E um dia enfim, seremos.]

Nenhum comentário: