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É preciso estar atento e forte: a má notícia é que as coisas mudam. Calma, a boa notícia é que as coisas mudam.
No meio disso tudo, eu escrevo...

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

A casa aberta

Eu quero ter uma casa acolhedora. Dessas que as pessoas podem entrar com pouca licença quando precisarem, pra sorrir ou pra chorar, pra aquietar a alma ou sentí-la vibrar mais forte, com mais cor.
  Vai ter então uma sala com chão de madeira, pra que quando você pise, aceite suas dúvidas e aflições como algo natural. Vou escolher uma cortina azul-claro, que é pra dar esperança, com uma vista prum jardim bem verde, com algumas poucas coisas plantadas, como rabanetes. Vai ter um divã pequeno, macio e colorido bem embaixo da janela da cortina, pra você poder se sentar sem se sentir sozinho; pra você se sentir inteiro.
  A cozinha vai ser projetada pra que entre luz indireta em cima da bancada e da mesa, e haverá pequenas decorações e ladrilhos coloridos, como se você estivesse na casa da sua avó, com aquele cheiro de biscoito feito pra criança se sentir criança e adulto se dar ao luxo de se cobrar menos. Se tiver mais pessoas por lá, você pode cair numa conversa boa, rir enquanto o sol abaixa no céu e some da vista da porta do jardim, se precisar você pode até fazer que riam de mim. E vai ter sempre café, que é pra preencher o espaço do que faltar, afinal é isso mesmo: things usually gets better with some coffee and some love... E se quiser se deitar, esquecer do mundo, ou então sonhar acordado, vai ter quarto, ali no segundo andar, com lençóis claros e cobertores felpudos, "daqueles de hotel", como todo mundo gosta de dizer e poder aproveitar.
  No banheiro, pode deixar que eu fiz umas economias pra colocar uma banheira, não é chique, mas é do tamanho e jeito pra relaxar, com direito a janela fosca pro sol e pro vento entrar. E tem espelho, isso tem mesmo, não adianta nem querer ignorar, porque por maior que seja a paz de mergulhar-se em um retiro, a realidade tá sempre aí, pra gente olhar; e isso faz parte, é onde as coisas escontram sentido de ser, sem muito sentido aparente, entende? É a realidade que nós percebemos - existente ou não, completa ou fragmentada, desvirtuada ou em bom tom- que cria as experiências e oportunidades, que constrói a renda da vida e, portanto, do que não-acontece - nossos pensamentos, desejos, dúvidas, sonhos, inventividades e opiniões - em paralelo: é ela o plano onde pode a coisa se dar, aparecer e continuar, de um dia morrer ou renascer; é ela que costura, com essa fina e forte agulha do presente, o passado e o futuro, e faz dos seus deletérios a emenda consciente.
  Pois bem, nessa casa vai entrar e sair gente num cômodo ou em outro sem ter que dar satisfação, sem ter que se explicar ou preocupar com tirar o abajour ou o móvel do lugar. Não vai ter regra nem condição, só use-a como se fosse sua para o que lhe servir de bom. Eu não vou me incomodar não, pode deixar, que pra mim também é um aprendizado enorme, esse livre deixar. Pode sentir-se à vontade para provocar ou cessar emoção. Essa casa vai ser a cópia do meu coração.

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