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É preciso estar atento e forte: a má notícia é que as coisas mudam. Calma, a boa notícia é que as coisas mudam.
No meio disso tudo, eu escrevo...

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Livrando a voz da minha mente. Ou seria o contrário?

"Se taire
tu m'en as tant dit, plus rien ne m'étonne
Se faire des serments muets, des promesses aphones
Les mots de trop
il faut se taire"

Não se calava aquela voz do peito que quase já não era mais meu.
Repetidamente clamando meu nome, com ar de graça, mas tão verdadeiramente.
Ah, quase uma chacota, eu diria, se não fosse meu amor inacabável para defender a tão desengonçada voz, alegando que ela nada mais - nem de bom, nem de mau - queria além de proclamar meu nome, niilista e só.
Ah, essa tão aturdiante voz fez-se mais baixa por um tempo breve, ali, na Prudente 780.
Nunca tinha conseguido praticar completamente o desapego até então.
Pois bem, o apego desejoso, que envenena a mente e então o coração, era algo do qual não conseguia me livrar por um tempo ínfimo que fosse suficiente para me orgulhar.
Isso porque eu não imaginava aquela voz desejando ser feliz; desejando afastar-se do sofrimento no qual todos estamos mergulhados, mais com o qual ela, em especial, mantinha perigosa relação.
Era-me inconcebível que aquela voz tão melancólica pudesse mudar seu tom, espontanea e objetivamente em direção à felicidade. Não, o dono daqueles lábios pandorísticos de onde irrompia a voz que me corroía  precisava de mim para impedi-lo de sucumbir ao seu psicológico torto e sombrio. Aqueles olhos de incomparável poética brilhariam somente enquanto refletissem a luz do meu espírito, como não?
Há, que utopia absurda! Que pensamento errado, de raízes egoístas e mesquinhas!
E foi ao perceber essa lógica desmedida, esse sentimentalismo vacilante, que eu me livrei das grandes amarras que me prendiam à voz do Gato de Cheshire, pelo menos por enquanto.
A voz é livre para ser feliz ou triste; é capaz de se autodominar, seja no cantar das virtudes e loucuras do mundo ou no seu hobbie de me perturbar.
Diga-se de passagem, as perturbações são todas fruto da minha mente, tendo a voz em si só chegado até mim pela vontade de minha mente de projetá-la em ângulos aflitivos.
Com isso, sei o que preciso sobre a voz que está à um celular de distância:
 dessa voz impregnada nos meus sonhos e vazios existe apenas a lembrança. E por mais viva que eu queira mantê-la, o passado não vive de lembrar de mim.
E como ensinam algumas tribos indígenas, que não permitem que suas vozes sejam gravadas, pois suas vozes são seus espíritos, e seus espíritos devem ser livres, e não enjaulados em máquinas;
pois bem, deixarei o espírito daquela voz livre, ou melhor, assim minha mente o verá: finalmente, como és.

"Nos langues se fatiguent, ménageons les pour"