Achar nesse blog ou em links próximos:

.

É preciso estar atento e forte: a má notícia é que as coisas mudam. Calma, a boa notícia é que as coisas mudam.
No meio disso tudo, eu escrevo...

quinta-feira, 27 de março de 2014

Entreconto

Moanin' low, my sweet man is gonna go,
When he goes, Oh Lordy
He's the kind of man needs a kind of woman like me


Deitada na cadeira retrátil da varanda ela vê o dia nascer com o cigarro de palha nas mãos, cabeça nas nuvens...
No prédio ao lado a janela dele, só uma meia fresta aberta
Foi tanto tempo...
Estaria ele nas cobertas, ou nu com outro corpo jogado
O cigarro descambando dos dedos
O cinza-vindo-o-sol acalenta a varanda branca
E ela, branda, cerra os olhos como a fresta
De último, um vulto corpo pela fresta...
 
Ele semi-cerrando os olhos ainda não acordado de todo escuta o som dos blues
Seria ela? Sem dúvida, aquele som é inconfundível, ainda que não seja o som da sua voz, é o som da sua alma, sorrateiro pelo ar
Abre a janela e é inundado
Raios do sol, o corpo dela deitado na varanda
Tudo branco
Foram tantos dias...
Meia titubeando, o som o guia pelo caminho até a porta
Pés na rua, coração na mão quente o corpo frio
Esquenta, a sete janelas de distância está sua grande falta de ar
Como se pudesse entrar, a vê deitada, cobertor contra o frio seria
Se pudesse entrar

Ela abre os olhos assustada com o dia que já chegou
com a janela vizinha aberta
venta
Sem coragem de se levantar, continua ali, atenta em apenas respirar

Ele transpira, e são só seis da manhã
Dois passos, mãos na cabeça
tudo confuso de lá e de cá
Amanhece mais um dia
Ela aqui, e ele lá.



Nenhum comentário: