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É preciso estar atento e forte: a má notícia é que as coisas mudam. Calma, a boa notícia é que as coisas mudam.
No meio disso tudo, eu escrevo...

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Retrato-falado*: procura-se Fran.

Eu tenho um amigo que escreve muito bem.
Mas não bem como aquele seu amigo da faculdade que fez um bom artigo.
Não, esse meu amigo escreve poesia. Não! Seus dedos cospem poesia. Não, antes: seu coração.
Então, vamos de novo: eu tenho um amigo cujos dedos queimam e transbordam beleza - a bela e a triste - das coisas que ele vê e sente.
E ele, ainda que no dia a dia teatralize -bravo!-  acidez e desleixo, nada mais é que uma negativa da fotografia que de fato és: delicado e preciso.
De fato, não é de todo um teatro: pois pro ácido ou pro delicado; pra precisão ou pro desleixo, ele é agudo no jeito de ser, e menino. E não se engane, que esse é o maior dos elogios! Pois bem, ele é agudo: tem vértices da sua personalidade que se esticam no ar como coisa que só dele mesmo, ocupando os espaços com originalidade e elegância -como nessas fotos antigas de poetas loucos e felizes.
É, de fato, esse meu amigo é um poeta de fotografia - tanto na estética quanto na qualidade do que escreve, ele é desses que vão estar em livros lidos por quem sabe o que ler.
Não sei se me faço bem entender. Aliás, tenho quase certeza que não.
Pois esse é só um *retrato-falado: desses mal delineados, por um policial que ainda não tomou seu café. Ah, pois é, esse meu amigo será logo um procurado: vai pra longe, fazer suas estripulias e escrever suas constatações e ternurinhas além-mar. E nós que nos viremos pros lados de cá! Quem será o anfitrião da boemia? Quem vai elogiar a florzinha amarela que respira a madrugada colada ao concreto?
Mas se aqui eu só colo retalhos, é pra tecer algo mais adiante - algo menos chinfrim que caiba de mostrar a esse meu amigo na hora da saudade. Afinal, não dá pra ser qualquer bobagem: ele é conhecedor dos grandes poetas e cantores, sem sacanagem. Mas é de um deles, justamente, que diz "Onde menos vale mais", e disso meu amigo sabe bem: valoriza o simples, o ordinário, sem pesar neles julgamento, e faz das simplicidades verdadeiros monumentos.
Mas chega de balbucear nessas rimas porcas. Esse texto mal acabado, é só um retrato-falado, um tracejado interminado, mas que resolveu começar: a pintar uma figura, trejeitos de uma pessoa muito querida, que agora com mais calma eu vou tentar delinear.
É um embrulho de presente ainda sem laço. E o presente é invisível aos olhos.
Esse é só um esboço mal rabiscado, pra um poema que eu devo n'um guardanapo.

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