Achar nesse blog ou em links próximos:

.

É preciso estar atento e forte: a má notícia é que as coisas mudam. Calma, a boa notícia é que as coisas mudam.
No meio disso tudo, eu escrevo...

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

A ala budista do meu carnaval

"Em geral, é difícil controlar a mente. Ela é como um balão ao sabor do vento - vai de  um lado para o outro, soprada por circunstâncias exteriores."*
Buscarei então tal controle sobre a minha mente, de forma que eliminarei minhas perturbações causadas por fatores exteriores à mim.
  Na realidade, sempre pensei e agi de acordo com princípios que são encontrados no budismo, ainda que não o conhecesse à época. Já havia há muito compreendido que a paz interior, como o próprio nome conduz, é atingível pelo puro esclarecimento e pela contemplação de aspectos interiores. E portanto, minha felicidade seria independente das circunstâncias externas à mim. Tomando esse ponto como base, dedicava todos os dias um tempo para acalmar meu espírito e refletir sobre os meus pensamentos e minhas ações ao longo do dia; aquilo que hoje eu chamaria de intenção e ação; carma, em síntese.
  Ainda nessa época, muitos me diziam que eu pensava demasiadamente, e que focava demais no passado e em seus pormenores. Tanto falaram que eu fui, inconscientemente, abandonando esse hábito aos poucos. Foi uma das maiores bobagens que já fiz. Apesar de ter absorvido uma maior irreverência diante das situações, que gerava uma superficial sensação de alegria e liberdade, essa atitude era traduzida, muitas vezes, em negligência de fatores importantes para uma paz bem fundada.
Estabeleci relações frágeis, devido ao pouco empenho que pus nelas, o que, não raramente, promovia o sofrimento de outros, em maior ou menor grau. Esse e outros males - resultado do que hoje sei serem as delusões - afloravam à medida que eu me permitia ser menos rígida comigo mesma. De fato, um espírito um pouco menos preocupado, que levasse de forma mais amena as circunstâncias da vida era necessário, e ter internalizado essa serenidade me fez bem. Contudo, é preciso medir com muita cautela essa maior liberdade que me dei de esquivar da reflexão, e é aí que entra o budismo nessa história: uma retomada de aspectos que antes eu valorizava e que foram diluídos em uma nova personalidade ao longo do tempo.
 O objetivo que busco reiterar com esse texto é, portanto, desenvolver o meu espírito de modo a mesclar minha atual e nova personalidade - meus novos hábitos, desejos, motivações e propósitos - , com ensinamentos budistas, que ou retomam alguns valores os quais eu me apoiava anteriormente, ou carregam novos princípios que guiarão minha mente em direção à um estado espiritual mais virtuoso.
  Dentro dessa resolução, volto à questão inicial: colocarei em prática essa atitude, que não é totalmente inédita, porém não completamente familiar, de forma que assumirei nova postura diante dos fatores exteriores que tem causado os meus constantes desassossegos. Não mais irei me abalar por essas delusões; pois porei fim à minha pertinácia em "esposar visões errôneas" ainda sobre algumas questões, sobretudo àquelas ligadas aos assuntos do coração. Pois é minha renitência em distinguir demasiado racionalidade e passibilidade que tem me causado tanta agitação espiritual (evidenciada por meus frequentes pensamentos contraditórios), e decidi portanto não mais exceptuar o flanco sentimental das minhas meditações, ou, agora de forma mais abrangente, Budadarma.

* Trecho de "Introdução ao Budismo", de Geshe Kelsang Gyatso

Nenhum comentário: