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É preciso estar atento e forte: a má notícia é que as coisas mudam. Calma, a boa notícia é que as coisas mudam.
No meio disso tudo, eu escrevo...

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

"A saudade só existe porque a gente cultiva"

Não consigo concordar.
Chega a ser ridículo, eu discutir as minhas concordâncias ou discordâncias com o autor velado da frase.
Mas meu espírito nunca concebeu inquietude maior que a saudade.
Ela que me acompanha em tanto momentos da vida, envolvendo como um porta-retrato os rostos de tantas pessoas queridas...
Aquelas que se apresentam com mais frequência no pensamento que à minha frente devido às circunstâncias do cotidiano; algumas que propositalmente e decididamente ficaram para trás por um motivo ou outro, e outras que pura e simplesmente se perderam na poeira do tempo...
Mando um beijo por meio de estrelas, pra quem não está mais aqui.
E parafraseando, quase que citando assim, me aproximo de quem já se foi e não devia.
Penso agora o quão útil seria esse blog de poucos visitantes, e de constante acesso de russos. Os meus leitores russos podem ler a vontade, sem medo de serem assunto e descuidadamente destinatários de meus textos (e aqui abro uma exceção, que torna-se estranha homenagem).
Acontece que o autor dessa frase pode ter colocado até bastante esforço para deixá-la perfeita, e quase conseguiu, mas é que ao pôr em prática o sentir o sentido se desfaz.
Saudade a gente não escolhe e não controla, e não há como dizer o contrário.
Eu tanto fiz para aplacar essa falta, em maior ou menor grau, fazendo uso dos métodos mais diversos, dos paleativos aos definitivos... E no fim a saudade ganha, e impera apertando as fibras do coração.
Não é esse texto uma forma de pedido, não. É mais um desabafo, diria até mesmo uma carta de óbito, se não fosse pela esperança que insiste em vingar aqui dentro. Porque - e não sei o porquê - alguma coisa em mim me força a acreditar que há um destino certo e quase que inevitável para essas coisas que parecem não cessar.
Eu vejo de fato algumas pessoas do passado no porvir, como se meu eu do futuro fizesse uma visita ao pretérito, que é o dado instante em que vivo agora. Vejo laços se refazendo, de forma diferente claro, afinal todos mudamos e amadurecemos; e não há porque desejarmos que seja como antes, uma vez que as condições do passado, se repetidas, nos levaria à um mesmo fim descontente.
O que digo aqui, é que tenho fé nos recomeços da vida, alguns em particular, e isso me traz uma paz estranha, que carrega um alívio prematuro pelo regresso que ainda não ocorreu e não tem garantia de ser.
E o que me resta então, é deixar essa fé agir sobre os rostos que hoje eu vi, nas cartas e embalagens antigas, nas palavras das pessoas cujas lembraças ainda resistem ao tempo...
E por agora, tudo o que tenho a fazer é mandar um beijo por meio de estrelas, e esperar que ele encontre o sorriso de alguém.